ESTADO DE ATENÇÃO

Estimativa de instituto da Universidade de Washington mostra que números da pandemia podem voltar a disparar — com quase 1 milhão de mortos em setembro — caso a sociedade deixe de levar a sério as medidas de proteção, apesar do avanço da vacinação.
O Brasil deve ter um novo aumento de mortes por covid-19 nos próximos dias — ontem, segundo números do Ministério da Saúde, os óbitos chegaram a 430.050, sendo 2.513 nos últimas 24 horas — e, no pior dos cenários, registrará 973 mil vidas perdidas para a doença até setembro.
- Os dados são de uma projeção feita pelo Instituto Para Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
- Entretanto, há quem veja com reservas uma estimativa como essa, feita a longo prazo, devido à situação do novo coronavírus no país,
- que vem apresentando um quadro de estabilidade, pois os registros oscilam para cima e para baixo.
O instituto — que fornece dados para a Casa Branca e para a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), avaliarem as ações para o combate à covid — trabalha com três hipóteses.
- Na projeção mais otimista, os pesquisadores consideram que 95% da população usará máscaras de proteção contra a covid.
- Em outra, que chamam de projeção atual, é esperado que o ritmo de vacinação seja mantido e que a variante B.1.1.7 continue se espalhando em certos locais.
- Mas, no pior dos cenários, com o maior número de mortes, consideram que as pessoas já vacinadas vão abandonar as medidas de prevenção à doença.
Nas três projeções, o IHME estima que o Brasil voltará a registrar três mil mortes diárias já em 31 de maio.
No cenário mais otimista,
- o novo pico de óbitos seria no início de junho, com cerca de 3,1 mil óbitos por dia.
- Nessas duas hipóteses, o número diário de vidas perdidas começaria a cair em 6 de junho e alcançaria entre 200 (mais otimista) e 480 óbitos (projeção atual) por dia no início de setembro.
- o pico aconteceria no início do inverno, em 6 de julho, com quase quatro mil mortes.
- O número é o dobro do projetado no cenário intermediário (1,9 mil) e quase quatro vezes mais do que as mortes previstas na hipótese mais otimista (1,1 mil).
Nessa conjuntura, o país ainda estaria no patamar das duas mil mortes diárias no início de setembro.
O instituto também projeta o total de mortes que o Brasil pode alcançar em cada uma das hipóteses formuladas.
- No cenário mais pessimista, terá em torno de 973 mil até o início de setembro.
- A previsão atual é para 832 mil óbitos no período
- e a análise mais otimista prevê 779 mil.
Difícil projeção
Roberto Kraenkel, professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp) e integrante do Observatório Covid-19 BR, afirma que é complicado projetar os rumos da covid-19 no país.
“A epidemia no Brasil é composta por muitas epidemias ao mesmo tempo. Colocar tudo isso dentro do mesmo balaio é uma coisa complicada. As políticas públicas brasileiras têm sido reativas e não muito previsíveis”,observou.
A diferença entre as projeções reforça a importância das medidas de prevenção ao coronavírus.
- Se pelo menos 95% dos brasileiros usarem máscara adequadamente,
- cerca de 200 mil vidas poderão ser poupadas em pouco mais de três meses, segundo o IHME.
- A epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), diz que o uso de máscaras, o distanciamento físico e a higienização das mãos são fundamentais neste momento.
“Nós ainda estamos com o número de casos muito alto. Há muitas pessoas infectadas circulando pelas cidades e muitas delas nem sabem que carregam o vírus”,alerta.
Colaboraram Alexia Oliveira* e Gabriela Bernardes
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