Por Thierry Meyssan, na Voltairenet – 22/04/2021
Foto: Soldados da OTAN participam de exercício militar gigantesco realizado em 2020 para “advertir” Rússia. A Ucrânia torna-se, rapidamente, epicentro de um possível conflito
Os EUA e a OTAN veem no país a chance de ampliar seu cerco à Rússia. Mas Moscou, que se fortaleceu na Síria, já não aceita ser humilhada. Os generais do Pentágono e a indústria de armamentos querem um conflito. Biden, por enquanto, não.
As Forças Armadas dos EUA
1- Os anglo-saxões têm um inimigo hereditário: os Russos. Para eles são pessoas desprezíveis, destinados desde Otto I (século X) a não ser mais do que escravos, tal como o seu nome indica (slave significa em inglês ao mesmo tempo tanto a etnia como o escravo). No século 20, os anglo-saxões eram contra a URSS, supostamente porque ela era comunista, e agora são contra a Rússia sem razão aparente.
2- Segundo adversário, inimigos que eles próprios fabricaram dedicando-lhes uma “guerra sem fim” desde o 11 de Setembro de 2001:
- as populações do Grande Oriente Médio, das quais eles destroem sistematicamente a organização do Estado, sejam eles aliados ou inimigos,
- a fim de os “atirar para idade da pedra” e explorar as riquezas da sua região (estratégia Rumsfeld/Cebrowski).
3- Terceiro inimigo : a China cujo desenvolvimento econômico ameaça relegá-los para uma segunda posição.
- Não há a seus olhos outra escolha que não seja a guerra.
- É pelo menos o que pensam os seus politólogos que falam mesmo de “armadilha de Tucídides” em referência à guerra que Esparta lançou a Atenas, assustada pelo aumento do seu poderio [1].
4- As questões do Irã e da Coreia do Norte não seguem as três primeiras senão de longe.
A Estratégia provisória de Segurança Nacional de Joe Biden [2] ou a Avaliação anual de riscos [3] da sua comunidade de inteligência não cessam de repetir isto sob diferentes ângulos.
Travar três guerras ao mesmo tempo é extremamente difícil. O Pentágono busca atualmente a maneira de hierarquizar estas prioridades. Ele apresentará o seu relatório em junho. Um sigilo absoluto envolve a comissão encarregada desta avaliação. Ninguém conhece sequer os seus membros. Ainda assim, sem esperar, o governo Biden focaliza-se contra a Rússia.
Quer sejamos independentes ou enfeudados ao “Império Americano”, devemos parar de nos forçar a não querer ver.
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Os Estados Unidos da América apenas têm como objetivo destruir a cultura russa, as estruturas estatais árabes e —a termo— a economia chinesa. Isso não tem absolutamente nada a ver com a legitima defesa do seu povo.
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Não há outro modo de explicar por que é que os Estados Unidos gastam somas astronômicas com seus exércitos, sem qualquer relação com os orçamentos daqueles que descrevem como os seus “amigos” ou “inimigos”. De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Londres,
- o seu orçamento militar é pelo menos
- igual à soma dos outros quinze Estados mais bem armados [4].

Orçamento militar dos 15 principais Estados nesta matéria (em milhares de milhão de dólares US). Fonte : Institute for Strategic Studies
Os temas de confronto com a Rússia
Os Estados Unidos estão inquietos com a recuperação da Rússia.
- Depois de ter tido uma queda brutal da sua esperança de vida entre 1988 e 1994,
- ela recuperou, ultrapassando depois largamente a que tinha na era soviética,
- mesmo que a sua esperança de vida saudável continue uma das mais baixas da Europa.
A sua economia diversifica-se, particularmente no domínio agrícola, embora continue dependente das exportações energéticas. ]
O seu exército renovou-se, o seu complexo militar-industrial é mais eficiente que o do Pentágono e ela ganhou experiência na Síria.
Para Washington,
- a construção do gasoduto Nord Stream 2
- ameaça libertar a Europa Ocidental da sua dependência do petróleo dos EUA.
Enquanto a união da Crimeia à Federação da Rússia, e mesmo a da região do Donbass, desferem, pelo menos parcialmente, um golpe na dependência da Ucrânia em relação ao Império Americano (a Crimeia e o Donbass não são de cultura ocidental).
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Por fim, a presença militar russa na Síria freia o projeto de destruição política de todos os povos dessa região.
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“Quando se quer afogar o cão, diz-se que ele tem raiva”
Foi, sem dúvida alguma, o Presidente Biden quem abriu as hostilidades qualificando o presidente russo de “assassino”. Jamais as duas potências haviam trocado injúrias, mesmo na época do Gulag.
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O seu interlocutor respondeu-lhe polidamente e propôs-lhe debater o assunto publicamente, o que ele recusou.
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Os Estados Unidos têm uma visão do mundo apenas de curto prazo.
Não se consideram responsáveis pela sua herança. Segundo eles,
- os malvados russos reuniram mais de 100 mil homens junto à Ucrânia e apressam-se a invadi-la,
- como os soviéticos fizeram na Polônia, na Hungria e na Checoslováquia.
Ora,
- não se tratava da Rússia, mas da URSS;
- não da doutrina Putin, mas, sim da doutrina Brejnev;
- e o próprio Leonid Brezhnev não era russo, mas ucraniano.
Os russos, pelo contrário, têm uma visão do mundo a longo prazo. Segundo eles,
- os bárbaros norte-americanos puseram em causa o equilíbrio de forças a seguir aos atentados do 11 de Setembro de 2001.
- Imediatamente após, em 13 de Dezembro de 2001, o Presidente Bush anunciou a retirada dos Estados Unidos do Tratado Antimísseis (Tratado ABM).
- Depois, os Estados Unidos fizeram entrar na OTAN, um por um, quase todos os antigos membros do Pacto de Varsóvia e da URSS,
- em violação da sua promessa quando da dissolução desta.
Esta política foi confirmada pela Declaração de Bucareste, em 2008 [5].
Todos conhecem a peculiaridade da Ucrânia: a Ocidente uma cultura ocidental, a Leste uma cultura russa.
- Durante uma quinzena de anos, o país estava politicamente congelado,
- até que Washington organizou uma pseudo-revolução e colocou as suas marionetes, no caso neo-názis, no poder [6].
- Moscou reagiu com bastante rapidez para que a Crimeia declarasse a independência e se unisse à Federação da Rússia, mas hesitou quanto ao Donbass.
Desde então, distribuiu passaportes russos a todos os habitantes desta região ucraniana da qual ela é a única esperança.
A Administração Biden
O presidente Biden era conhecido, quando senador, por apresentar ao Senado propostas legislativas elaboradas pelo Pentágono.
Como presidente, rodeou-se de personalidades neoconservadoras. Não nos cansamos de repetir:
- os neoconservadores eram militantes trotskistas que foram recrutados pelo presidente republicano Ronald Reagan.
- Desde então, eles permaneceram sempre no poder, exceto durante o parênteses do presidente jacksoniano Donald Trump,
- mudando-se do Partido Republicano para o Partido Democrata e vice-versa.
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Durante a “revolução” colorida do Maïdan (2013-14), Joe Biden, então vice-presidente, tomou partido pelos neo-názis que eram agentes das redes stay-behind da OTAN [7].
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Ele dirigiu as operações com uma das assistentes do secretário de Estado da época, Victoria Nuland (cujo marido, Robert Kagan, é um dos fundadores do Project for a New American Century, o órgão de coleta de fundos do republicano George W. Bush).
O Presidente Biden decidiu fazê-la adjunta do seu novo secretário de Estado. Ela apoiara-se no então embaixador dos Estados Unidos em Kiev, Geoffrey Pyatt, agora colocado em Atenas (Grécia). Quanto ao novo secretário de Estado do presidente Biden, Antony Blinken, ele é juiz e parte devido à origem ucraniana pelo lado da sua mãe.
Muito embora tenha sido criado em Paris pelo segundo marido desta, o advogado Samuel Pisar (conselheiro do Presidente Kennedy), ele assumiu também as ideias neoconservadoras.
A preparação do confronto com a Rússia
A meio de março de 2020, os Estados Unidos organizaram com os seus parceiros da OTAN as manobras Defender-Europe 21. Estas prolongaram-se até Junho.
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Tratou-se de retomar o mega exercício Defender-Europe 20 que havia sido reduzido e abreviado devido à epidemia de Covid-19. Foi uma movimentação gigantesca de homens e de material para simular um confronto com a Rússia. Estas manobras foram associadas a um exercício de bombardeiros nucleares na Grécia, em presença do embaixador Geoffrey Pyatt citado mais acima.
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Em 25 de Março,
- o Presidente Volodymyr Zelensky publicava a nova Estratégia de Segurança ucraniana [8], t
- rês semanas após o Presidente Joe Biden ter publicado a dos Estados Unidos.
Respondendo à OTAN,
- a Rússia empreendia as suas próprias manobras junto à sua fronteira ocidental, inclusive junto a sua fronteira com a Ucrânia.
- Ela despachou mesmo tropas suplementares para a Crimeia e até para a Transnístria.
Em 1 de Abril,
- o Secretário da Defesa dos EUA telefonava ao seu homólogo ucraniano a propósito de um possível reforço da tensão com a Rússia [9].
- O Presidente Volodymyr Zelensky emitia então uma declaração na qual assegurava vigiar as manobras russas que poderiam ser provocações [10].
Em 2 de Abril,
- o Reino Unido organizava uma reunião dos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores britânico-ucranianos,
- sob a iniciativa do Ministro britânico Ben Wallace [11] (que esteve muito ativo no conflito do Nagorno-Carabaque [12]).
Em 2 de Abril,
- o Presidente Joe Biden apelava ao seu homólogo ucraniano para lhe garantir o seu apoio face à Rússia.
- Segundo o Atlantic Council, ter-lhe-ia anunciado a decisão de lhe fornecer uma centena de aviões de combate (F-15, F-16 e E-2C) atualmente sediados na base aérea de Davis-Monthan [13].
Em 4 de Abril,
- o Presidente da Comissão das Forças Armadas da Câmara dos Representantes, o Democrata Adam Smith,
- negociava com parlamentares ucranianos fortes subvenções ao Exército ucraniano
- em troca do compromisso ucraniano contra o gasoduto Nord Stream 2 [14].

Discreta ida-e-vinda ao Catar do Presidente Zelensky e do Director das fábricas de armamento Ukroboronprom, em 5 de Abril de 2021.
Em 5 de Abril,
- o Presidente Volodymyr Zelensky fazia uma visita ao Catar. Oficialmente, tratava-se de desenvolver as relações comerciais.
- O Catar é o principal fornecedor de armas aos jihadistas e, segundo as nossas informações, a questão do possível financiamento de combatentes foi levantada.
- O Diretor-geral do fabricante militar Ukroboronprom, Yuriy Gusev, fazia parte da comitiva. Fora ele quem fornecera armas ao Daesh (E.I.) a ordens do Catar [15].
Em 6 de Abril,
- a Lituânia que, no passado protegia a parte ocidental da Ucrânia no seu próprio império,
- inquiriu sobre a situação militar [16].

O Presidente Zelensky recebe o Presidente do Comité militar da OTAN, em 7 de Abril de 2021.
Nos dias 6 e 7 de Abril,
- o general britânico Sir Stuart Peach, presidente do Comitê Militar da OTAN,
- viajou para a Ucrânia a fim de especificar as reformas necessárias para que o país possa aderir à OTAN [17].
Em 9 de Abril, em conformidade com a Convenção de Montreux,
- o Pentágono informou a Turquia
- da sua intenção de fazer transitar navios de guerra pelos estreitos de Dardanelos e do Bósforo.

Após ter debatido armas e dinheiro com o Xeque Tamin no Catar, o Presidente Zelinski veio falar sobre homens com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, em 10 de Abril 2021.
Em 10 de Abril,
- o Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, recebeu o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Istambul, no quadro de consultas regulares entre as duas nações [18].
- Perante o cheque bancário do Catar, a Turquia, membro da OTAN, iniciou imediatamente o recrutamento de jihadistas internacionais na Síria para os enviar a combater no Donbass ucraniano.
- Instrutores militares turcos foram igualmente enviados para o porto ucraniano de Mariupol, quartel-general da Brigada Islâmica Internacional [19], criada pelo Presidente Erdoğan, e o seu homólogo ucraniano de então, com tártaros fieis a Washington contra a Rússia.
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Segundo tal lógica, a Federação da Rússia juntava as suas tropas na fronteira ucraniana. Assim os seus parceiros da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) questionaram-na quanto às suas manobras. Ao que a parte russa respondeu apenas de maneira evasiva.
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Ora, o Documento de Viena (1999) obriga os membros da OSCE a fornecerem uns aos outros todas as indicações sobre os movimentos de suas tropas e dos seus equipamentos. Mas sabe-se que os russos não funcionam como os ocidentais.
Eles jamais informam o seu povo ou os seus parceiros no decurso de uma operação, apenas quando as suas movimentações estão concluídas.
Dois dias mais tarde,
- o G7 emitia um comunicado inquietando-se com os movimentos russos,
- mas ignorando os da OTAN e da Turquia.
- Felicitava-se pela contenção da Ucrânia e pedia à Rússia para “pôr um termo às suas provocações” [20].
Em 13 de Abril,
- por ocasião da reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da OTAN com a Comissão Ucrânia/OTAN, os Estados Unidos lançaram a sua grande jogada.
- Todos os aliados —dos quais nenhum desejava morrer só porque os ucranianos não conseguem divorciar-se pacificamente— foram instados a dar o seu apoio a Kiev e a denunciar a “escalada” da Rússia [21].
O Secretário de Estado, Antony Blinken, entrevistou-se longamente com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kouleba [22]. Caminhava-se inexoravelmente para a guerra.
- Subitamente, o presidente Joe Biden distendia a atmosfera telefonando ao seu homólogo russo, Vladimir Putin.
- Propunha-lhe agora um encontro, na forma de cúpula, depois de antes ter rejeitado desdenhosamente a proposta de um debate público quando o havia insultado [23].
Depois desta iniciativa, a guerra parecia evitável.
Em 14 de Abril, Antony Blinken, convocou os seus principais aliados (Alemanha, França, Itália e o Reino Unido) a fim de os mobilizar [24].

O Presidente Biden clarificou a sua posição a propósito da Rússia, em 15 de Abril de 2021.
Em 15 de Abril, o Presidente Joe Biden deu a sua visão do conflito, expulsou dez diplomatas russos [25].
- Ele decretou sanções contra a Rússia, acusada não só de ter truncado as eleições para fazer eleger o Presidente Donald Trump,
- mas também de ter oferecido prêmios pelo assassinato de soldados dos EUA no Afeganistão
- ou ainda de ter atacado os sistemas informáticos federais através de um servidor da SolarWinds.
De forma previsível,
- a Rússia expulsou um número idêntico de diplomatas americanos.
- Além disso, montou uma armadilha a um diplomata ucraniano que deteve em flagrante delito de espionagem, com documentos classificados como Segredo de Defesa em mãos.
Prosseguindo no seu ímpeto, o presidente Volodymyr Zelensky foi então ao encontro dos seus homólogos da França e da Alemanha, o presidente Emmanuel Macron e a chanceler Angela Merkel.
- Embora deplorando a escalada russa e não cessando de reafirmar o seu apoio moral à integridade territorial da Ucrânia,
- os seus dois interlocutores mostraram-se evasivos sobre a sequência dos acontecimentos.
Em resumo, se os Estados Unidos e a Rússia devem reunir-se e debater, é um bocado cedo para alguém morrer por Kiev.
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Thierry Meyssan
Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/ucrania-trama-se-em-silencio-a-grande-guerra/
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NOTAS:
[1] Destined for War: Can America and China Escape Thucydides’s Trap?, Graham Allison, Houghton Mifflin Harcourt (2017).
[2] Interim National Security Guidance, White House, March 3, 2021. “A estratégia de Segurança Nacional do Presidente Biden”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 6 de Abril de 2021.
[3] Annual Threat Assessment of the US Intelligence Community, Director of National Intelligence, April 9, 2021.
[4] The Military Balance 2021, Institute for Strategic Studies, Routledge (2021).
[5] «Déclaration du Sommet de l’Otan à Bucarest», Otan, 3 avril 2008.
[6] “Quem são os nazis no governo ucraniano?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 5 de Março de 2014.
[7] Les Armées Secrètes de l’OTAN, Danièle Ganser, Ed. Demi-Lune (2003). Disponível como um episódio em espanhol em Voltairenet.org.
[8] Decreto Presidencial 121/2021.
[9] “Readout of Secretary of Defense Lloyd J. Austin III’s Call With Ukrainian Minister of Defence Andrii Taran”, US Department of Defense, April 2, 2021.
[10] “Zelensky on Russian troops near border: Ukraine is ready for any provocations”, Ukrinform, April 2, 2021.
[11] “UK defense secretary initiates talks with Taran due to escalation in eastern Ukraine”, Ukrinform, April 2, 2021.
[12] “Alto Carabaque : vitória de Londres e de Ancara, derrota de Soros e dos Arménios”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 24 de Novembro de 2020.
[13] “U.S. Should Provide Lend-Lease Type of Aid Package for Ukraine to Help it Upgrade its Air Force – Atlantic Council”, Defense Express, April 7, 2021.
[14] “Arakhamiya, Congressman Smith discuss expanding military support for Ukraine”, Ukrinform, March 5, 2021.
[15] «Qatar y Ucrania acaban de entregar misiles antiaéreos Pechora-2D al Emirato Islámico », por Andrey Fomin, Oriental Review (Rusia) , Red Voltaire , 23 de noviembre de 2015.
[16] “Ukrainian, Latvian defense ministers discuss security situation on Ukraine’s borders”, Ukrinform, April 7, 2021.
[17] «Visite du président du Comité militaire de l’OTAN en Ukraine», Otan, 6 avril 2021.
[18] “A Turquia recruta jihadistas para os enviar à Ucrânia”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 19 de Abril de 2021.
[19] «Ucrania y Turquía han creado una brigada internacional islámica contra Rusia», por Thierry Meyssan, Red Voltaire , 15 de agosto de 2015.
[20] « Déclaration du G7 sur l’Ukraine », Réseau Voltaire, 12 avril 2021.
[21] « La Commission OTAN-Ukraine se penche sur l’état de la sécurité en Ukraine », Réseau Voltaire, 13 avril 2021.
[22] « Rencontre d’Antony Blinken et Dmytro Kouleba », États-Unis (Department of State) , Réseau Voltaire, 13 avril 2021.
[23] «Conversación telefónica entre Joe Biden y Vladimir Putin», Red Voltaire , 13 de abril de 2021.
[24] « Conversation téléphonique entre Joe Biden et Vladimir Poutine », États-Unis (White House), Réseau Voltaire, 13 avril 2021.
[25] “Remarks on Russia”, by Joseph R. Biden Jr., Voltaire Network, 15 April 2021.
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