CORONAVÍRUS
Deutsche Welle – 10/o3/2021 – Foto: Funcionária da Sinopharm inspeciona vacinas /Zhang Ywei/AP
Governo Bolsonaro, que disse que jamais compraria vacina chinesa, admite que campanha pode parar e pede a Pequim outro imunizante, além da Coronavac. Mensagem foi enviada a embaixador que presidente tentou remover.
Reconhecendo que a campanha nacional de imunização contra a covid-19 corre o risco de ser interrompida no Brasil por falta de vacinas, o Ministério da Saúde enviou uma carta ao embaixador da China em Brasília pedindo que este interceda junto à estatal Sinopharm para liberar 30 milhões de doses de seu imunizante ao Brasil.
Na carta enviada ao embaixador Yang Wanming, o secretário-executivo do ministério, Antônio Elcio Franco Filho, afirma que, diante da escassez da oferta internacional, o governo brasileiro vem buscando estabelecer contato com novos fornecedores, em especial a Sinopharm.
- “Nesse contexto, muito agradeceria os bons ofícios de Vossa Excelência para averiguar a possibilidade de a Sinopharm fornecer 30 milhões de doses da vacina BBIBP-CorV,
- em cronograma e preço a serem acordados, se possível, ainda para o primeiro semestre de 2021,
- com possibilidade de quantidades adicionais para o segundo semestre deste ano”,
diz a carta, datada desta segunda-feira (08/03).
O secretário-executivo da pasta ressaltou que o Brasil enfrenta a variante do coronavírus conhecida como P1, originária de Manaus e mais contagiosa.
- “O Ministério da Saúde está ciente da importância de conter essa cepa e de impedir que se espalhe pelo mundo, recrudescendo a pandemia.
- A principal estratégia brasileira para conter a pandemia e, em particular, essa variante P1 é intensificar a vacinação”, afirma.
A vacina da Sinopharm, chamada de BBIBP-CorV, tem eficácia 79,3% em evitar casos graves de covid-19, segundo a fabricante. Ela não foi comprada e nem estava entre as negociadas pelo Ministério da Saúde até o momento. A Coronavac, jé em uso no país, também foi desenvolvida na China, mas por outra empresa, a Sinovac.
Histórico de conflitos
O pedido de auxílio
- vem em meio ao recrudescimento da epidemia de covid-19 no Brasil,
- com seguidos recordes de mortes,
- e a críticas sobre a lentidão da campanha de imunização.
Ocorre ainda após uma série de atritos entre os governos do presidente Jair Bolsonaro e o chinês e críticas a vacinas contra a covid-19 provenientes da China.
O embaixador chinês à qual a carta foi endereçada é o mesmo que o governo Bolsonaro já pediu duas vezes para ser trocado após conflitos. Os pedidos de troca não foram aceitos pelo governo chinês.
- Em março de 2020, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, declarou que a China era a culpada pela pandemia.
- No mês seguinte, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, insinuou que o país asiático teria ganhos com a disseminação do coronavírus Sars-Cov-2, causador da covid-19,
- e fez piada com o sotaque chinês.
À época, o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, manifestou repúdio e exigiu um pedido de desculpas por parte do governo brasileiro.
- Em outubro, Jair Bolsonaro afirmou categoricamente que não compraria a vacina chinesa Coronavac – em claro embate com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que impulsionou o desenvolvimento da vacina da Sinovac, da China, em parceria com o Instituto Butantan.
- A seguir, Eduardo Bolsonaro acusou a China de fazer espionagem por meio de sua tecnologia de rede 5G.
A embaixada reagiu novamente com repúdio.
Lira também recorreu à China
A carta do Ministério da Saúde ao embaixador chinês não foi o único pedido de ajuda do governo a Pequim nesta semana.
Na terça-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também recorreu ao diplomata chinês.
- “Eu me dirijo ao governo chinês neste momento de grande angústia para nós brasileiros,
- para que nossos parceiros chineses tenham um olhar amigo, humano, solidário e nos ajudem a superar a pandemia,
- oferecendo os insumos, as vacinas, todo o apoio que este grande parceiro da China precisa neste grave momento”,
escreveu Lira, que é aliado de Bolsonaro.
* Além de vacinas produzidas na China, o Brasil depende de insumos importados do país para produzir imunizantes contra a covid-19
* – tanto a Coronavac, produzida pelo Butantan – quanto a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, produzida localmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Até o momento a Coronavac e a vacina de Oxford-AstraZeneca são as duas únicas em uso no Brasil.
- O imunizante desenvolvido pela americana Pfizer e pela alemã Biontech é o único a já ter registro definitivo na Anvisa,
- mas o governo ainda negocia o fornecimento de doses após recusar ofertas pela Pfizer desde o ano passado.
Nesta segunda, Bolsonaro afirmou em reunião virtual com executivos da Pfizer que gostaria de fechar contrato para a compra de vacinas do laboratório diante da agressividade do coronavírus no Brasil.
O Brasil registrou oficialmente 1.972 mortes ligadas à covid-19 nesta terça, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), a pior marca diária registrada desde o início da pandemia.
A ocupação dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados a pacientes com covid-19 supera os 80% em 20 unidades da federação, de acordo com a Fiocruz.
Segundo levantamento feito por um consórcio de veículos da imprensa brasileira, até esta terça-feira, 8,7 milhões de pessoas receberam ao menos uma dose de vacina contra a covid-19 no Brasil, o equivalente a 4,13% da população.
lf/rpr (ots)
Depois de o Governo insultar várias vezes a China em conexão com a pandemia e pedindo ao Governo Chinês a retirada do atual Embaixador, é muita cara de pau agora pedir a este Embaixador ajuda para obter vacinas da China. Os comunistas lá vão precisar de muita caridade cristã para ajudar ao Brasil.