Lucia Capuzzi – 29 Janeiro 2021 – Imagem: Daqui

A legislação civil finalmente reconheceu a plena cidadania à mulher, permitindo a esta última evidenciar atitudes há muito ignoradas.
A Igreja tem sido capaz de apreciá-las e usá-las?
- O questionamento combina as diferentes intervenções.
- Não se trata de reivindicar poder
- , mas de garantir a plena comunhão de homens e mulheres, feitos um em Cristo.
Afinal, enfatiza Virgili, é apenas com o advento de Eva no Éden que o Adam, o animal terrestre, se torna homem em sentido moral.
É do pecado que surge
- não um castigo divino,
- mas a ruptura da comunhão entre os dois viventes
- e a submissão da mulher ao homem.
“Aconteceu uma corrupção: o que era conatural à pessoa humana – a adesão mútua, o canto da correspondência – tornou-se um terreno de luta, dor e dominação”,
afirma a biblista
- que também se confronta com a misoginia exegética
- e a leitura, no sentido patriarcal, de algumas passagens paulinas.
Ricca, por outro lado, concentra-se no fundamento teológico da ministerialidade feminina.
- A ponto de se confrontar, do ponto de vista protestante,
- com a questão do ministério ordenado.
Embora não reconhecendo
- a diferença de essência entre o sacerdócio ordenado e o comum, somente no decorrer do século XX, a partir da Alemanha,
- é que as Igrejas Protestantes introduziram o pastorado feminino,
- originalmente devido à escassez de aspirantes do sexo masculino por causa da guerra.
“Portanto, não é de todo óbvio que este inédito absoluto na história da Igreja depois do tempo apostólico veja a luz na maioria das Igrejas cristãs, de hoje e de amanhã”, é a tese de Ricca.
Falar de feminino na esfera eclesial implica também uma séria reflexão sobre a masculinidade.
Uma questão, diz Simonelli, sobre a qual persiste uma espécie de “maculopatia” de gênero:
“Nos contornos a visão é de alguma forma preservada, mas o centro do campo visual fica turvo, quando não completamente anulado”.
A chave para construir uma relação harmoniosa mulher-homem é a sinodalidade. Em seu horizonte
“homens e mulheres podem compartilhar seus dons e competências,
- para que suas diferenças não tenham que se hierarquizar
- e a diaconia de corpos e das ideias, das mãos e das palavras, da reflexão crítica e da ação solidária
- forme uma harmonia que pode ser discordante, mas nunca humilhante, que não tenha necessidade de um inferior ou de um inimigo para se produzir e se compor”.
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Lucia Capuzzi
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606486-pensar-o-feminino-repensar-o-masculino
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