Dom Walmor Oliveira de Azevedo destacou a importância de que a Igreja Católica cuide dos pobres

DOUGLAS AMORIM – DIVULGAÇÃO CNBB
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, de 66 anos, afirmou que o “coro dos lúcidos” é o antídoto contra “desgovernos e politização abomináveis”.
A declaração foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo.
Sobre a atuação do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), na pandemia, o arcebispo de Belo Horizonte lamenta que
“medidas adotadas pelas instâncias governamentais ignoraram as preciosas contribuições do campo científico”.
O clérigo destaca que “como bem lembra o papa, um vírus invisível colocou o mundo de joelhos”. A assembleia geral dos bispos, que ocorre anualmente, já foi adiada duas vezes – agora, está prevista para 2021.
- Ele critica a ideia de criar bancada católica no Congresso
- e afirma que a CNBB está atenta a ataques proferidos por católicos, como o youtuber bolsonarista Bernardo Küster.
“Ninguém tem o direito de ofender outra pessoa impunemente, espalhar mentiras.”
O arcebispo contou que a adaptação da Igreja durante a pandemia teve seus percalços naturais, mas que, graças às tecnologias digitais, as comunidades conseguiram expandir seu alcance.
“Oportuno dizer que esses encontros não eliminam a necessidade das reuniões presenciais para celebrar a fé. Vive-se um tempo singular, quando é preciso assumir que somos corresponsáveis uns pelos outros. A Igreja organiza suas celebrações presenciais sempre atenta aos indicadores da pandemia”, destacou.
Bolsonaro e a doença
Questionado sobre a atuação de Bolsonaro, o presidente da CNBB alegou que o governo subestimou a doença.
- “A gravidade foi subestimada, e medidas adotadas pelas instâncias governamentais ignoraram as preciosas contribuições do campo científico.
- Esse descompasso repercutiu na população, contribuindo para que muitos não cumprissem as medidas de prevenção.”
- “Considera-se a necessidade de um consistente programa de vacinação, exigindo superação de desgovernos e politização abomináveis.
- O momento exige o coro dos lúcidos”, destacou Walmor.
O arcebispo frisa que poderia existir mais diálogo com Bolsonaro, pois a Igreja tem muito a contribuir. Chama atenção que
- a organização defende insistentemente que é preciso cuidar dos mais pobres
- e esse precisa ser o ponto de partida de todos os governos que desejam sucesso em ajudar na construção de uma sociedade mais justa.
Walmor criticou o aborto legal feito por uma menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio. Questionado sobre as ações de grupos religiosos que tentaram impedir a ação, Walmor disse que a vida trata-se de um direito inviolável.
- “Defendemos sempre o que a fé cristã católica nos ensina: a vida é inviolável, em todas as suas etapas.
- Trata-se de um princípio inegociável, que deveria inspirar leis e decisões nas instâncias do poder.
- As autoridades deveriam zelar para que as mães pudessem viver uma gestação saudável e oferecer perspectivas de um futuro digno para a mãe e a sua criança.”
Apesar disso, ele diz que
“respeita-se sempre o ordenamento jurídico-legal vigente, com ele abrindo debates construtivos para defender princípios éticos. Não podemos impor nossas perspectivas. O aborto é uma violência contra a vida. Mas não se combate a violência com agressividade”.
Assédio na Igreja
Sobre a investigação de assédio sexual envolvendo o arcebispo de Belém, o presidente da CNBB lamenta que, quando é noticiado algo do tipo, a opinião pública já cria um estigma.
“Infelizmente, quando se noticia que há uma investigação em curso, a opinião pública, em ato contínuo, já impõe estigmas, antes mesmo de qualquer parecer das instâncias competentes. Importa a verdade e a confiança depositada em quem merece respeito e credibilidade.
Temos presente o que nos diz o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios: ‘Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele’”, diz.
“Recentemente, a CNBB e a Conferência dos Religiosos do Brasil instituíram núcleo que vai auxiliar as dioceses na criação de suas comissões responsáveis por encaminhar denúncias à Santa Sé. Foi instituída também a Comissão Especial de Proteção da Criança, Adolescente e Vulneráveis”, frisou dom Walmor.
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