
Greenpeace Brasil – 12 Outubro 2020. Imagem: DAQUI
A reportagem é publicada por Greenpeace Brasil, 09-12-2020.
Ativistas do Greenpeace Brasil estiveram em uma enorme área devastada pelas queimadas no Pantanal
- para protestar contra uma das piores crises ambientais da história do país,
- resultado de uma mistura explosiva de secas severas e absoluto descaso do poder público com a proteção do patrimônio ambiental dos brasileiros.
- A mensagem, uma clara referência ao slogan do governo federal, complementa a estátua de “Bolsonero”, que “surgiu”no Pantanal e começou a circular nas redes sociais um dia antes.
“Com essas ações não queremos chamar atenção
- apenas para a destruição sem precedentes do patrimônio ambiental dos brasileiros,
- mas apontar as causas e seus responsáveis.
O Brasil está literalmente em chamas
- graças à política incendiária do atual governo que,
- em vez de apresentar ações coordenadas e efetivas de proteção ao meio ambiente e à vida das pessoas,
- segue tocando a melodia desvairada do seu projeto de destruição,
- ameaçando e queimando a biodiversidade brasileira e fragilizando a já combalida economia do país”,
afirma Tica Minami, diretora de programas do Greenpeace Brasil.
- “Ao desdenhar o meio ambiente,
- é como se o governo Bolsonaro queimasse uma marca extremamente valiosa chamada Brasil
– investidores, empresários, banqueiros, chefes de Estado e entidades nacionais e estrangeiras já advertiram que devem retirar investimentos do país por não quererem estar associados a prática de crimes ambientais”.
No Pantanal, maior planície interior inundável do mundo,
- o fogo já atingiu 26% do bioma, uma área maior que o estado de Alagoas,
- sendo que 2020 foi ano em que o bioma mais queimou desde que os focos de calor começaram a ser monitorados, em 1998.
No Cerrado, a savana mais biodiversa do mundo, até o momento já foram registrados mais de 54 mil focos de calor este ano
e, na Amazônia, bioma que forma os rios voadores, o mês de setembro registrou um aumento de 60,6% nos focos de calor em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apesar do negacionismo do governo,
- imagens de satélite comprovam que mais da metade dos focos de incêndio na Amazônia
- ocorrem em terrenos de desmate recente ou áreas de floresta,
- não em áreas que já eram usadas pela agropecuária.
A gravidade da situaçãoé resultado, sobretudo, do projeto de terra arrasada conduzido pelo governo Bolsonaro em 21 meses de mandato.
- Trata-se do desmonte sistemático das estruturas e políticas públicas que promovem a proteção ambiental,
- somada à ausência premeditada de plano, meta ou orçamento capazes de proteger, de forma concreta, as riquezas naturais do Brasil
- – conforme diversos levantamentos realizados por servidores, Ministério Público Federal e sociedade civil.
Estátua de “Bolsonero” em área devastada no Pantanal, colocada pelo Greenpeace-Brasil – Foto: Greenpeace
A proteção das Unidades de Conservação, assim como investimentos em fiscalização e treinamento de brigadistas locais, deveriam ser prioridade neste momento de crise. No entanto,
- o governo federal cortou 58% da verba direcionada para a contratação de pessoal para prevenção e combate a incêndios florestais em 2020.
- Esse orçamento caiu de R$ 23,78 milhões em 2019 para apenas R$ 9,99 milhões neste ano.
- O Ministério do Meio Ambiente (MMA) só gastou 0,4% dos recursos para ações diretas e já prevê cortes no orçamento para 2021.
O bom funcionamento da economia depende da conservação da natureza. Os ecossistemas naturais e sua biodiversidade prestam serviços ambientais à sociedade que tornam diversas atividades econômicas viáveis, como por exemplo a produção de alimentos, acesso à água e qualidade do ar.
Por outro lado, o fogo e as mudanças climáticas alteram os ecossistemas de maneira que a biodiversidade, muitas vezes, não consegue se adaptar.
- Em equilíbrio, a biodiversidade mantém a natureza saudável e funciona como um escudo para evitar a ocorrência de doenças e pandemias.
- Em vez disso, as fumaças das queimadas na Amazônia e no Pantanal já chegaram a diversas cidades como Cuiabá, Manaus e Rio Branco,
- e podem aumentar ainda mais o risco de doenças respiratórias em um momento em que o país ainda enfrenta a pandemia da Covid-19.
Quem ama o Brasil, cuida
Como Presidente da República, Bolsonaro pode e deve agir para combater as graves crises ambientais e de saúde que assolam o país.
- Em vez de negar as evidências e ignorar sua responsabilidade,
- o governo federal deve comandar e coordenar esforços de combate às queimadas e à devastação ambiental,
- assim como deveria ter agido para proteger a população da pandemia da Covid-19, mas não o fez.
O governo federal precisa reconhecer a gravidade da crise ambiental e climática em vez de fechar os olhos para os problemas e usar dados falsos para confundir a população.
O Poder Executivo deve reverter imediatamente o desmonte da governança e das estruturas responsáveis pela proteção ambiental no país,
- fortalecendo os órgãos de fiscalização e controle,
- fazendo bom uso do orçamento para fiscalização em campo,
- valorizando a ciência e os dados produzidos pela comunidade científica para informar políticas públicas que combatam o desmatamento e os crimes ambientais, e protejam a sociedade.
“Quem ama o Brasil, cuida. É por amor ao país que ONGs, indígenas, voluntários, banqueiros e empresários estão se organizando para proteger o maior patrimônio dos brasileiros: nossas riquezas naturais”, completa Tica.
Há 28 anos, o Greenpeace Brasil defende a vida e o patrimônio ambiental dos brasileiros. Temos denunciado incansavelmente a política antiambiental atual, cujos resultados políticos não respeitam fronteiras e têm impacto direto na natureza.
Na Amazônia, seguimos investigando, expondo e denunciando os crimes contra a floresta, bem como seus responsáveis.
No Pantanal, estamos expondo os impactos no bioma e apoiando pontualmente as populações locais afetadas com doação de materiais anti-incêndio e cestas básicas, entre outras iniciativas.
Não podemos e não vamos assistir calados ao nosso patrimônio natural virar cinzas.
O que você pode fazer:
- Cobre ação imediata do governo federal;
- Compartilhe a situação do Pantanal e da Amazônia, para que mais pessoas saibam da gravidade dos incêndios;
- Faça parte do movimento Todos Pela Amazônia; e
- Apoie organizações voluntárias locais que trabalham incansavelmente para salvar vidas no Pantanal. Veja as várias formas de ajudar o bioma aqui.
Greenpeace Brasil
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