“Vamos ver o que acontece. Tenho me queixado muito do voto [pelo correio], é um desastre”, afirma o presidente dos EUA, alimentando a acusação de fraude na votação postal
/cloudfront-eu-central-1.images.arcpublishing.com/prisa/TR6YOZCPCJENBE75EYX7SF4WEQ.jpg)
Donald Trump na tarde desta quarta-feira, durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.
“Vamos ver o que acontece. Você sabe que eu tenho me queixado muito do voto [pelo correio], é um completo desastre”, afirmou, alimentando as dúvidas.
Donald Trump já vislumbra o resultado das eleições presidenciais de 3 de novembro sendo levado à Suprema Corte.
- O presidente dos Estados Unidos vem há várias semanas semeando dúvidas sobre a fiabilidade do sistema e sobre o voto postal, que neste ano deve ser em volume maciço por causa da pandemia.
- Na tarde de quarta-feira ele foi além, recusando-se a assumir o compromisso de promover uma transição pacífica caso saia derrotado.
Em entrevista coletiva na Casa Branca, o republicano foi diretamente questionado por um jornalista sobre isso, em duas ocasiões, e em ambas respondeu com evasivas.
“Vamos ver o que acontece. Você sabe que eu tenho me queixado muito do voto [pelo correio], é um completo desastre”, afirmou, alimentando as dúvidas.
O mandatário
- joga gasolina numa sociedade que é hoje um barril de pólvora,
- em meio a uma grave crise sanitária e econômica
- e após meses de protestos raciais e distúrbios que deixaram mortos em cidades como Portland (Oregon) e Kenosha (Wisconsin), entre outras.
Na noite desta quarta-feira, em Louisville (Kentucky), dois policiais foram baleados em manifestações contra a decisão de um júri de instrução de arquivar as acusações de homicídio contra três policiais envolvidos na morte a tiros da jovem negra Breonna Taylor, durante a execução de um mandado de busca em sua casa, em 13 de março.
Durante a coletiva de Trump, um jornalista fez referência à tensão social nos EUA em sua pergunta ao presidente.
“Há pessoas provocando distúrbios. O senhor se compromete a assegurar que haverá uma transição pacífica do poder?”
insistiu. E Trump respondeu:
“Queremos nos livrar desses votos [postais, que ele alega, sem qualquer base, serem fraudulentas] e teremos uma transição pacífica; bom, não haverá transição, haverá uma continuidade”,
afirmou, prognosticando assim sua vitória eleitoral.
“As cédulas estão fora de controle e os democratas sabem disso melhor do que ninguém”, acrescentou.
Durante a campanha eleitoral de 2016, Trump já havia deixado dúvidas sobre sua disposição em aceitar uma derrota ― como previa a maioria das pesquisas. Agora voltou ao tema, mas as circunstâncias são completamente diferentes.
- Com a pandemia, a maioria dos Estados flexibilizou as exigências para o voto postal
- e estima-se que até 78% do eleitorado norte-americano ― um recorde ― possa utilizá-lo.
Muitos especialistas concordam que, por esse motivo,
- é provável que o vencedor não seja conhecido na madrugada de 3 para 4 de novembro,
- e sim dias depois, quando todas as cédulas trazidas pelos carteiros terminem de ser apuradas.
Essa incerteza é um campo minado no atual clima de polarização política e social.
Também na quarta-feira, em declarações à imprensa durante uma reunião com secretários de Justiça de vários Estados,
- Trump observou que as eleições podem acabar sendo decididas na Suprema Corte, razão pela qual seria urgente escolher um substituto para a juíza progressista Ruth Bader Ginsburg, que morreu na sexta-feira passada.
- A principal instância judiciária dos EUA é composta de nove membros, e a eventual presença de apenas oito juízes durante vários meses poderia dar lugar a situações de empate e bloqueio.
“Acredito que isto acabará na Suprema Corte, e é muito importante que tenhamos nove juízes”, disse. “É melhor [confirmar um novo magistrado] antes das eleições, porque acredito que esta fraude que os democratas estão preparando acabará na Suprema Corte dos Estados Unidos”, acrescentou.
Neste sábado ele anunciará o nome indicado para ocupar a vaga de Ginsburg, uma substituição que o ajudará a reforçar a maioria conservadora na corte que, na prática, pode acabar decidindo a eleição.
.
Amanda Mars
MAIS INFORMAÇÕES:
- Trump sinaliza que indicará uma mulher para a Suprema Corte e busca nome conservador
- Morte de Ginsburg leva batalha por domínio ideológico na Suprema Corte ao centro da disputa pela Casa Branca
- Mais revelações de livro sobre Trump: “Meus generais são um bando de maricas”
- Biden corteja o voto latino na Flórida ante o avanço de Trump
- Kanye West, o candidato intruso que pode tirar votos de Trump e Biden em 12 Estados
- Milhares de pessoas emulam em Washington a Grande Marcha de Martin Luther King contra o racismo
- Trump busca a reeleição agitando o medo do caos e da “esquerda radical” de Biden
- Republicanos defendem a polícia e dizem que eleitores “não estarão seguros na América de Biden”
- Um sax e uma navalha na Beale Street
- Violência policial volta a incendiar os EUA e motiva boicote histórico contra o racismo na NBA
- Trump pede à ONU que faça a China “prestar contas” pela propagação do coronavírus
- Mais revelações de livro sobre Trump: “Meus generais são um bando de maricas”
- Um presidente linguarudo como Trump, um jornalista ganhador do Pulitzer e 18 conversas explosivas
- Trump e Biden disputam a retórica da linha dura contra a China
- “A eleição tem que acontecer. O BID precisa preencher vazio que está sendo ocupado pela China”
- A cidade antes conhecida como Minneapolis
Leave a Reply