Das dezenas de vacinas para covid-19 que hoje estão em desenvolvimento no mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que “a maioria não terá sucesso”.
Menos de 10 dos cerca de 170 projetos de vacinas contra o Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, estão na fase 3 de seus testes, que define seu sucesso ou fracasso.
- “Os governos estão sob pressão para garantir o abastecimento de suas populações daqueles vacinas que tiverem sucesso.
- Se os governos competirem, a maioria dos países pode ficar de fora”, alerta a OMS.
Portanto, em meio a essa disputa,
- pelo menos 165 países manifestaram interesse em fazer parte de uma coalizão
- que visa garantir o acesso igualitário a uma vacina que funcione.
- A iniciativa foi batizada de Covax.
Dos 165 países, pelo menos 75 já se apresentaram como financiadores para desenvolver um “portfólio” de vacinas com as melhores chances de sucesso, informou a OMS.
Essas nações concordaram em
- compartilhar o possível sucesso de uma ou mais dessas vacinas
- com 90 outros países com menos possibilidades econômicas ou sistemas de saúde mais fracos.
- No total, 60% da população mundial teria acesso à vacinação.

Para Seth Berkley, diretor executivo da Fundação Gavi, que co-dirige a iniciativa com a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) e a OMS, a Covax pode ser a única solução verdadeiramente global.
“Para a grande maioria dos países, quer eles possam pagar suas próprias doses ou precisem de assistência, a cooperação, significa receber uma parte garantida das doses e evitar ficar no fim da fila”, disse ele a uma assembleia da OMS.
Argentina, Brasil e México estão entre os países latino-americanos que se manifestaram a favor da aliança Covax.
No entanto, grandes economias como
- Estados Unidos, China, União Europeia e Rússia
- indicaram que não farão parte da coalizão por enquanto.
Isso levanta preocupações de que a atual pandemia se agrave, como aconteceu em 2009 com a crise do H1N1. Na ocasião,
- alguns países tentaram imunizar toda a sua população
- em vez de respeitar a orientação internacional de vacinar os mais vulneráveis de todos os países.
Qual é o plano?
Projetos de vacinas que afirmam estar na avançada fase 3, como da Rússia, China ou da Universidade de Oxford-AstraZeneca, ainda não provaram sua eficácia em grupos de massa.
Mesmo assim,
- vários países já concordaram em produzi-los em larga escala, como a associação Argentina-México
- para produzir e distribuir a vacina Oxford-AstraZeneca na América Latina.
Como apontam os especialistas, trata-se de uma aposta:
- ao mesmo tempo em que você economiza tempo produzindo a vacina mesmo sem ter garantia de sua eficácia,
- você pode perder tudo se ela não passar nos últimos testes.

Diante desse problema, a OMS afirma que
- todos os países da Covax “compartilharão os riscos associados ao desenvolvimento de vacinas”
- por meio da criação de um fundo global de financiamento.
Eles vão investir na fabricação antecipada de vacinas candidatas de seu portfólio “assim que seu sucesso for demonstrado”. E vão somar as aquisições dessas vacinas “para atingir volumes suficientes” no próximo ano com 2 bilhões de doses que tenham sido aprovadas pela OMS.
“Com a Covax, nossa aspiração é poder vacinar até o final de 2021 os 20% mais vulneráveis da população de cada país participante, independente da faixa de renda”,
afirma Richard Hatchett, diretor executivo da Cepi.

O mecanismo busca distribuir as doses de forma proporcional às populações de cada país,
“priorizando inicialmente os profissionais de saúde e depois ampliando para cobrir 20% da população”.
Uma rodada subsequente de doses seria estabelecida
“com base nas necessidades do país, vulnerabilidade e ameaça da covid-19”, além de formar uma “reserva humanitária”.
Financiamento
A Covax é parte do Access to COVID-19 Tools (ACT) Accelerator, mecanismo que a OMS criou em resposta à pandemia.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, diz que, para realmente funcionar, é necessário que “todos os países apoiem” a iniciativa.
Em julho, iniciou-se um processo de consulta aos 165 países que manifestaram inicialmente a intenção de participar e que devem apresentar
- um adiantamento
- e um compromisso de compra das doses até o final de agosto,
- o que os torna participantes da Covax.
Na primeira fase, a Covax afirma exigir US$ 2 bilhões, dos quais já arrecadou US$ 600 milhões (equivalente a R$ 11 bilhões e R$ 3,3 bilhões, respectivamente).
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse em 13 de agosto que
“a Covax já tem nove vacinas candidatas em seu portfólio, que estão em testes de fase 2 ou 3”.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), diz Tedros, estima que a pandemia custe ao mundo US$ 375 bilhões e que em dois anos ultrapassará US$ 12 trilhões, se não for contida.
“É fácil pensar no Accelerator como uma medida de pesquisa e desenvolvimento, mas é realmente o melhor estímulo econômico em que o mundo pode investir”, afirma.
- “Quanto mais cedo conseguirmos deter a pandemia,
- mais cedo poderemos garantir que setores interconectados internacionalmente, como viagens, comércio e turismo,
- possam realmente se recuperar.
Há esperança.”
Redação BBC
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53984765
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