InfoLibre – 19/02/2020 – Foto: Flickr
A reportagem é publicada por InfoLibre, 18-02-2020. A tradução é do Cepat.
Essa é uma das premissas do último livro do economista, Contra los zombis, publicado por Crítica [em espanhol],
- no qual examina, através da compilação de quase cem artigos,
- uma série de ideias e crenças econômicas que “devoram cérebros”, apesar de errôneas.
Foto: Daqui
Existem “poucos conceitos” que foram colocados à prova tantas vezes como o corte de impostos e o crescimento de impostos, explica Krugman, em entrevista à Europa Press.
- “Fizemos isso com Reagan, fizemos com Bush, fizemos com Trump…
- Em todas essas vezes, as previsões das pessoas que disseram que os cortes de impostos teriam um efeito milagroso
- estavam erradas”, acrescentou o autor.
Na opinião do autor,
- está “muito claro” quem paga para essa ideia permanecer viva e o “por quê”.
- “Os ricos estão sempre procurando desculpas para reduzir seus impostos.
- É uma constante universal”, enfatiza.
Outra das ideias que Krugman critica nas páginas de seu livro
- é a austeridade econômica,
- especialmente nos momentos em que o desemprego é alto,
- algo que ocorreu nos anos seguintes à explosão da bolha imobiliária, em 2008, e à crise subsequente.
“Todas as evidências indicam que a austeridade é ruim para a economia”, indica.
Para o Nobel,
- a Espanha não deveria estar “muito preocupada” com a dívida,
- porque os juros pagos por ela são inferiores à inflação e o crescimento do produto interno bruto (PIB),
- o que faz com que, naturalmente, seu peso relativo em relação à economia seja reduzido com o passar do tempo.
Bresser Pereira, economista e ex-ministro da Economia. Foto: Daqui
Salários e SMI
Recordando a situação na Espanha há mais de uma década, Krugman insiste
- que o país estava “supervalorizado”
- e que os salários precisavam ser reduzidos para aumentar a competitividade em comparação a outros estados membros da União Europeia.
- “Não é justo, não é agradável, mas entender a economia não é sobre o que é justo, mas, sim, sobre o que é necessário”, afirma.
Apesar disso,
- descarta que um aumento volumoso no salário mínimo, como aconteceu na Espanha nos últimos anos, tenha um impacto na economia.
- “O problema não é o valor do aumento, o problema é até que valor você pode aumentar o salário mínimo, antes que se torne um problema para o emprego”, acrescenta.
Nesse sentido, Krugman
- defende um salário mínimo nos Estados Unidos de 15 dólares por hora,
- algo que, juntamente com os programas de auxílio social e isenções fiscais,
- poderia garantir uma “vida tolerável”, embora não uma “boa vida”.
“A única razão para não defender maiores aumentos no salário mínimo não é porque acho que seja o suficiente, mas porque estou preocupado com a perda de emprego”, diz.
Em relação aos limites dos preços de aluguel, uma medida que começou a ganhar força em algumas cidades da Europa e que formou parte do acordo de Governo entre PSOE e Podemos, o Nobel enfatiza que “isso causa muitos problemas”.
“O controle de aluguel restringe a construção de novas casas. Não sou defensor do controle de aluguel, isso claramente tem sido um problema…”, argumenta.
InfoLibre
Leia mais:
- Paul Krugman: “Estou disposto a pagar mais impostos para ter uma sociedade mais saudável”
- Como combater as preferências políticas e econômicas do 0,1%. Artigo de Paul Krugman
- Que diabos aconteceu com o Brasil? Artigo de Paul Krugman
- Os Estados Unidos que abraçam a ignorância. Artigo de Paul Krugman
- Por que ainda sou um economista militante: o compromisso de um intelectual público. Artigo de Paul Krugman
- A Grécia merece outra chance. Artigo de Paul Krugman
- Papa Francisco propõe um sistema econômico mais justo e sustentável
- A desigualdade trava o crescimento. Entrevista com o Prêmio Nobel Joseph Stiglitz
- O fim do neoliberalismo e o renascimento da história. Artigo de Joseph Stiglitz
- Por um imposto global sobre as transnacionais. Artigo de Joseph Stiglitz
- “Tudo começa com as questões ambientais”. Entrevista com Joseph Stiglitz
- Stiglitz: hora de enterrar um sistema fracassado
- “Economia de Francisco” (Assis, 26-28 de março de 2020). Mensagem do Papa Francisco para o evento
- O encontro «A Economia de Francisco», em Assis. Universidade portuguesa se prepara para participar do evento
- “A economia de Francisco”: evento desejado pelo papa também está nas redes sociais
- Os trabalhos em andamento para o evento “A economia de Francisco”. Entrevista com Luigino Bruni
- A economia de Francisco. Artigo de Armando Melo Lisboa
- Encontro para “Economia de Francisco” acontece dias 18 e 19 de novembro em São Paulo
- Representante do Papa participa de Encontro “Economia de Francisco” na PUC-SP
- “A economia tem a ver com o nosso bem-estar holístico como planeta”
- PIB é ilusão perversa, diz Nobel de Economia
Leave a Reply