Ana Carbajosa Vicente, Lluís Pellicer Mateu – 21/09/2019
Foto: YouTube
Milhões de pessoas saem às ruas para reivindicar medidas eficazes em defesa do meio ambiente, em manifestações em várias cidades do mundo.
Greve desta sexta-feira culmina com uma manifestação em Nova York encabeçada pela ativista GretaThunberg.
A reportagem é de Ana Carbajosa Vicente, Lluís Pellicer Mateu, publicada por El País, 20-09-2019.
Menos discursos e mais ação para deter o aquecimento global.
- Se nos últimos dias a Organização das Nações Unidas (ONU) reiterou esta mensagem aos líderes mundiais que se reunirão na próxima segunda-feira, 23 de setembro, na Cúpula do Clima em Nova York,
- nesta sexta milhões de pessoas, lideradas por estudantes, gritam o mesmo nas ruas.
Dezenas de milhares
- já fizeram isso na Austrália e outros países do Pacífico, no início de uma mobilização escolar global para exigir medidas urgentes contra a catástrofe ambiental.
- De Sydney a São Paulo, passando por Berlim, Bruxelas, Washington e a Cidade do México,
- os alunos fecharam seus cadernos e participam dos protestos, que já surgem como gigantescos em cidades como Nova York.
À frente desta marcha estará a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, impulsionadora do movimento Fridays for Future (“sextas-feiras pelo futuro”). Ao todo, estão programados mais de 5.000 atos em 156 países ao longo da semana, que terá seu auge na próxima sexta-feira, dia 27, em uma greve climática mundial, desta vez com a participação não só de estudantes, mas também de milhares de entidades da sociedade civil.
“Deixem de negar que a Terra está morrendo”,dizia um cartaz levado por um estudante no protesto de Sydney, enquanto as redes sociais mostram estudantes reunidos nas capitais de vários Estados australianos e também em localidades menores do interior, como Alice Springs.
“Não começamos isso, mas estamos tentando combater”, dizia outro cartaz na manifestação de Sydney.
Nos protestos desta sexta-feira, inspirados por Greta Thunberg, os estudantes falam a uma só voz sobre os efeitos da mudança climática no planeta, que não são coisa do futuro, mas sim do presente.
“Deixem de negar que a Terra está morrendo” – Foto: IHU
O Acordo de Paris, selado em 2015 para conter o aumento de temperatura em dois graus Celsius —e na medida do possível deixá-lo em 1,5— com respeito aos níveis pré-industriais, não impediu que as emissões e as temperaturas tenham atingido níveis recordes recentemente, e que fenômenos meteorológicos extremos, como o furacão Dorian, sejam cada vez mais frequentes.
“É preciso fazer as pessoas entenderem que há uma emergência climática hoje, que o problema da mudança climática é de hoje, que a saúde pública está ameaçada hoje, que o mar está subindo hoje, que as temperaturas já estão provocando problemas muito graves”,
enfatizava nesta semana o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma entrevista ao Covering Climate Now, um consórcio global de mais de 250 meios de comunicação (inclusive o EL PAÍS) voltado para fortalecer a cobertura informativa sobre a luta contra a mudança climática, que tem seu próximo capítulo na cúpula da ONU na segunda-feira.
Nesse dia,
- a organização reunirá os líderes mundiais para pressioná-los a apresentar planos mais exigentes para a redução das emissões,
- que permitam cumprir com a meta de Paris. Este processo continuará na cúpula climática de dezembro em Santiago (Chile).
Enquanto
- a ONU exige mais ambição dos Governos para combater a crise climática, a ser traduzida a medidas concretas que demoram para chegar —pois do contrário, as emissões de gases do efeito estufa, ao invés de se reduzirem em 45%, aumentarão 10%—,
- os jovens abraçaram a causa defendida por Greta Thunberg e estão mostrando o caminho.
- E há quem não esteja gostando.
O ministro das Finanças da Austrália, Mathias Cormann, afirmou nesta quinta-feira ao Parlamento que os estudantes não deveriam participar do movimento de protesto.
“Os estudantes precisam ir para a escola”, afirmou.
- Não é o que acham as autoridades de Nova York, que facilitaram a mobilização desta sexta-feira:
- 1,1 milhão de alunos de escolas públicas têm autorização para faltar às aulas.
- Também o secretário-geral da Anistia Internacional, KumiNaidoo, dirigiu uma carta a 30.000 colégios do mundo pedindo a seus responsáveis que permitam aos alunos participarem das mobilizações desta semana.
A campanha
- está a caminho de se tornar a maior mobilização climática da história,
- e o Fridays for Future, a organização que canalizou os protestos ambientais dos estudantes em todo o mundo,
- já conta com uma lista de mais de 5.225 eventos em 156 países entre 20 e 27 de setembro, e outros se somam a cada dia.
Os adultos se unirão aos jovens e, de fato, a plataforma 350.org estima que mais de 73 sindicatos, 820 organizações e 2.500 empresas já manifestaram seu apoio às greves.
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/20/internacional/1568961989_411664.html
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