Cameron Doody – 29 Junho 2019 – Foto: miguel_vera_leon_flickr.jpg
O cardeal Walter Kasper considera “imperativo e muito urgente” debater a possibilidade de ordenação de homens casados. Além disso, o papa Francisco quer que os bispos do mundo o proponham.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 28-06-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Quanto à falta de padres, “simplesmente, não podemos continuar com a situação atual”, disse Kasper em declarações coletadas em sites católicos alemães.
“Hoje, muitas vezes, o sacerdote é obrigado a gerir quatro ou cinco paróquias. Eles não têm tempo para o trabalho pastoral” aprofundou o cardeal, dando assim uma razão prática para a reintrodução dos padres casados.
“Importar padres da Índia ou da África não é realmente uma solução … Alguns são bons, mas em muitos casos as diferenças culturais são grandes demais”, alertou.
Foto: Cardeal Kasper / Jornal Voz da Verdade
Mas não são apenas considerações práticas que justificam a ordenação de homens casados, segundo Kasper. Há também boas razões teológicas por trás disso.
“Cada conferência episcopal
- deve primeiro decidir se é a favor [de ordenar pessoas casadas]
- e descrever como pretende aplicá-la,
- e então submeter suas propostas ao papa”,
acrescentou o cardeal, dizendo que
“a situação (vocacional) difere tanto nas diferentes partes do mundo que não é possível dar uma solução universal uniforme “.
“Tenho a impressão de que, se seus argumentos [das conferências episcopais em favor dos padres casados] forem bem fundamentados, serão recebidos positivamente” pelo papa, apontou o cardeal.
O Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia, que ocorrerá em outubro, abriu as portas para que a Igreja tome um rumo histórico e torne mais flexível a prática do celibato clerical compulsório.
O documento, publicado na semana passada, inclui em seu número 129:
“Afirmando que o celibato é um dom para a Igreja, pede-se, para as áreas mais remotas da região, a possibilidade de ordenação sacerdotal para
- pessoas idosas,
- de preferência indígenas,
- respeitadas e aceitas por suas comunidades,
- mesmo que já tenham uma família constituída e estável,
- com o objetivo de assegurar os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã”.
Cameron Doody
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