Imagem: Jesus aparece a Madalena / elmundodelanotiicia
Ordenação de mulheres. Os sectores ditos tradicionalistas gritam contra a ideia, alegando a imutabilidade da Igreja. Esquecem um pormenor: a Igreja não é Deus; Deus é imutável, a Igreja não.
A Igreja é uma pedra, sim, mas é uma pedra rolante, que vai rolando ao longo da história num compasso lento. É lenta, mas muda. Se a memória não me falha, o celibato só foi imposto como obrigatório no século XII. A Igreja que aparece nos livros de Dante não é a mesma que a nossa.
- Jesus também não contestou a escravatura.
- Jesus também não ordenou o celibato. De resto, o celibato não tem validade bíblica. Ou melhor, pode ser feito um argumento bíblico a favor do celibato, mas não existe uma ordem expressa para o celibato.
- Ademais, a vivência dos Doze é normal. Pedro e os outros têm mulheres e sogras.
- Eram pastores no sentido moral do termo, não padres.
O que é conservar o essencial? Uma regra eclesiástica da Idade Média ou a essência bíblica?
- faz mais sentido defender a ordenação de mulheres
- do que impor o celibato aos seguidores.
Não existem referências à obrigatoriedade do celibato, existem inúmeras passagens que colocam a mulher no centro. Se repararem,
- Jesus dá sempre razão às mulheres que aparecem.
- No Evangelho, a norma parece ser esta: a mulher tem sempre razão contra homens, contra fariseus, contra multidões.
A mulher, que surge sempre a partir da obscuridade doméstica, é iluminada por Jesus naqueles momentos públicos. A mulher invisível ganha através de Jesus uma luz que os doutores da lei não têm. Depois,
- no momento decisivo na cruz,
- são elas que não desistem,
- são sobretudo elas que ficam.
Quando José de Arimateia coloca o corpo do Senhor no sepulcro, são elas que vêem, são elas que reportam.
- Eles não estão, fugiram.
- Maria, Madalena e Salomé ficam e observam na hora mais difícil.
- No momento decisivo,
- são as mulheres que não desistem.
- São eles que reúnem as tropas.
- nem Jesus nem São Paulo negam a escravatura.
- Quer isto dizer que não devemos condenar a escravatura?
- Claro que não.
A cristandade, porém, demorou mais de milénio e meio até começar a debater a fundo a escravatura, que, como se sabe, só foi ilegalizada no século XIX, mil e novecentos anos depois da semente deixada por São Paulo:

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