ANDRE ARAUJO – 20/10/2018
Os jornalistas “partiu pra cima” da nova ultra direita apresentam o seguinte dilema,
- se você não aceita todos os ditames do ultra neoliberalismo, desses que querem vender o Brasil de porteira fechada
- então você quer uma economia como a da Venezuela.
Não há alternativa, ou é Goldman Sachs ou é Maduro,
o analfabetismo político-econômico gerou essa necrosia intelectual, a vida é binaria,
- ou é branco ou é preto,
- não existe o azul, o cinza, o turquesa.
Nunca ouviram falar de Lord Keynes,
- um aristocrata inglês do mais refinado cérebro, ligado às artes e à literatura
- que não adotava o discurso do mercado
- e salvou a economia mundial com fórmulas que hoje seriam consideradas pelos ultra direitas como “comunistas”.
A carta que Keynes enviou ao Presidente Roosevelt, outro comunista, em 30 de Maio de 1933
- pedia ao Presidente dos EUA
- que usasse o Estado para tirar os EUA da Depressão,
- que fez um quarto dos americanos ficarem desempregados.
Roosevelt
- seguiu Keynes contra o “mercado “
- que queria curar a Depressão com “ajustes”
- como os neoliberais brasileiros de hoje querem fazer
- e que jamais dará certo
- porque o ajuste é necessário mas não é o remédio pata tirar o Pais da recessão.
Ao contrário,
- o ajuste aprofunda a recessão
- enquanto promete resultados no longo prazo,
- esquecendo a frase celebre de Keynes “No longo prazo todos estaremos mortos”.
Os desempregados precisam comer no curto prazo e isso só será possível com um plano de emergência para reativar a economia,
- o que é da lógica da realidade,
- mas não da lógica do mercado financeiro,
- que pode funcionar desligado da economia da produção e dos empregos.
A chamada “escola neoliberal” é página virada na sua própria “alma mater”, a Universidade de Chicago,
- os legatários de Friedman tiveram que sair de Chicago
- e foram para a Carnegie Mellon University em Pittsburgh,
- o Estado americano salvou o mercado em 2008,
- com isso enterrando o credo neoliberal que partia do principio de que o “mercado se auto ajusta”.
Apesar dessa evidência seguem se apresentando no Brasil certos personagens com a etiqueta de “ultraneoliberal”, porque sequer sabem que essa escola está em um ciclo findo.
Como estudaram nas faculdades de economia há 30 anos,
- guardam uma cartilha mental embolorada e completamente defasada
- e não tem a capacidade intelectual de reciclar aquilo que aprenderam,
- o que é típico de cérebros apostilados limitados e medíocres.
A operação da politica econômica
- se faz em todo lugar pela combinação de instrumentos
- e não com um cardápio fixo imutável,
- a famosa “lição de casa” do antigo FMI,
- até o FMI mudou muito desde os anos 90, a ponto de ser critico do ajuste excessivo na Grécia.
Politica econômica
- é uma arte de combinação de instrumentos sem regras fixas que variam a cada ciclo e circunstancia,
- é essencialmente arte e não matemática pura,
aliás o estudo de ciência econômica que começou na França e na Inglaterra
- sempre foi tratado como da área da politica,
- foram os americanos que introduziram formulas fixas e matemáticas no estudo da economia,
- formulas originadas de seu modelo econômico
- e que raramente dão certo em outros países e contextos,
é preciso tratar a economia como arte e não como experimento de laboratório como alguns cérebros mofados ainda querem operar na base de “tripés”.
O MITO DA PRODUTIVIDADE
Os economistas neoliberais tem fascínio pelo conceito de “produtividade” que para eles
- tem valor absoluto,
- é algo sempre bom,
- quando na realidade é um conceito sempre relativo.
A produtividade na micro economia pode ser improdutiva na macro economia.
Se uma empresa que emprega 20.000 operários
- investe pesadamente em automatização
- e com isso dispensa 15.000 empregados,
- consegue economizar 300 milhões de Reais em folha de pagamento, ótimo para a empresa.
Na macro economia, esses desempregados vão gerar custos novos em
- seguro desemprego,
- saúde publica,
- saúde mental,
- perda de capital investido anteriormente na sua formação,
- uma parte em aumento de criminalidade a exigir mais policia, justiça e prisões,
- há rompimento de famílias, casamentos, velhos,
- filhos que não serão educados por falta de renda dos pais,
esses desempregados
- deixarão de consumir muitos produtos
- e com isso provocam retração da economia,
- há uma gigantesca cadeia de perdas não só humanos e sociais
- mas também puramente econômicas
provocadas pela aplicação simplista de um conceito de “produtividade” como valor mágico.
O extraordinário aumento de custos no tratamento de saúde mental no mundo
- foi calculado pelo professor Vikram Pattel, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard
- com dados do Banco Mundial
- e chega a 16 trilhões de dólares entre 2010 e 2030.
Esses custos em países significam
- enorme improdutividade do sistema econômico
- e geram perdas extraordinárias em outros sistemas,
- como os de saúde, justiça, polícia, educação, degradação urbana,
sem falar em valores imateriais como
- sofrimento pessoal,
- dilapidação de capital humano na geração presente e nas gerações futuras,
- o desempregado de hoje é o filho sem educação de amanhã.
Portanto produtividade micro não é um bem absoluto.
Quando Keynes sugeriu a Roosevelt empregar gente para
- tirar pedras de um lado das estradas e levar para outro lado,
- ele não estava promovendo produtividade,
- mas exatamente o seu contrario,
ele propunha
- improdutividade micro
- para alcançar produtividade macro na economia
- e ao final no bem estar da população,
- em nome de um objetivo muito maior, tirar o País da Depressão.
É impressionante a ignorância politica e histórica de economistas de cartilha, que sempre propõe produtividade como algo mágico,
- o conceito é apenas micro econômico,
- não é humano,
se os grandes mestres da humanidade pensassem em produtividade não teríamos a civilização tal qual a conhecemos, baseada em valores muito mais altos do que simplesmente economia,
- em valores como arte,
- cultura,
- generosidade
- e ciência pura.
A eleição de Trump e a saída do Reino Unido da União Europeia foram faturas que as populações apresentaram aos apóstolos da produtividade tipo “é mais barato fabricar na China”,
- mais barato para as empresas
- e infinitamente mais caro para as populações.
As empresas
- deixadas à sua própria e exclusiva lógica,
- sem direção do Estado,
- destruirão países e sociedades,
- destruíram a classe média industrial americana
- e as pequenas cidades industriais do interior da Grã Bretanha,
- tudo em nome da produtividade micro
- contra o bem comum desta e de futuras gerações,
é preciso rever os conceitos do neoliberalismo puro.
SOBRE REFORMAS, AJUSTES E EMERGÊNCIAS
As reformas
- tributárias,
- da previdência,
- administrativa
são fundamentais,
- o ajuste das despesas públicas deve ser feito para cortar abusos notórios em salários sem nenhuma correspondência com a necessidade do Estado e a capacidade dos felizardos,
- o emprego público já tem por si só vantagens sobre os empregos privados,
- não tem cabimento, além disso, pagar muito mais que o mercado mesmo no salario inicial,
isso é a maior causa do déficit, além da má utilização de prédios públicos, do abuso nas terceirizações, de compras mal feitas.
Mas as reformas e os ajustes no Brasil, podem perfeitamente conviver com um PLANO DE EMERGENCIA
- para relançar a economia na rota do crescimento
- e criar rapidamente empregos com investimentos públicos necessários na infra estrutura,
um plano de dois trilhões de Reais com desembolso dividido em 40 meses, 50 bilhões de Reais por mês
- não causaria impacto nos preços porque há muita capacidade ociosa na indústria,
- o mecanismo seria por emissão de um novo tipo de titulo a longo prazo, indexado, com juros de media internacional,
se o mercado não absorver, o Banco Central compra
- usando o imenso volume de deposito compulsório e também de emissão de moeda,
- que está estagnada há 12 anos em torno de 230 bilhões de Reais,
- volume baixíssimo para as dimensões da economia brasileira,
- 3% do PIB quando nos EUA a moeda física circulante é de 7,5% do PIB.
Grande número de países fez e faz exatamente isso sob o nome de “quantitative easing” ,o Banco Central compra para sua carteira títulos da divida publica para estimular a economia, essa é função básica de um Banco Central,
- trabalhar para a prosperidade do Pais a que serve
- e não apenas operar como instrumento de garantia do capital especulativo,
- que é o que faz há 24 anos o Banco Central do Brasil, a serviço do mercado financeiro e não do país.
André Araújo
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