João Pedro Pereira – 30/07/2018 – Foto: W Futurismo
“O cansaço em relação às redes sociais é palpável e as gerações mais novas têm afluído para plataformas potencialmente menos intrusivas na vida privada, como o Instagram (do Facebook) e as aplicações de mensagens.
Veja-se o Twitter, que decidiu fazer uma muito necessária purga para livrar a plataforma de contas falsas e coim isso viu o número de utilizadores cair ligeiramente.
As acções resvalaram praticamente na mesma proporção que as do Facebook (21% imediatamente após os resultados), apesar de, tal como o rival, os resultados financeiros terem melhorado significativamente.”
Nos meandros da tecnologia estas foram semanas de tropeções.
Comecemos pelo Facebook. As acções afundaram-se 20% na semana passada, quando a empresa apresentou resultados trimestrais, e continuam desde então em queda, embora muito mais moderada. Que isto aconteça após o anúncio de que as receitas dispararam 42% e o lucro aumentou 31% é um sinal claro do momento que a rede social atravessa:
- utilizadores (e investidores) desconfiados,
- uma reputação quase de rastos,
- o cansaço de muitos meses de erros,
- a perspectiva de uma recuperação difícil.
Um dos factores a levar à queda bolsista foi precisamente a novidade de um aumento drástico de custos, devido aos investimentos necessários para rectificar alguns dos aspectos nefastos da plataforma.
Já a estagnação do número de utilizadores nos mercados onde estes significam mais dinheiro não é novidade nenhuma.
- O número nos EUA manteve-se estável
- e na Europa sofreu uma ligeira queda.
É uma tendência normal nestas plataformas, que se vinha a desenhar há algum tempo, e que teve agora um empurrão do escândalo Cambridge Analytica, do fenómeno da desinformação e do regulamento europeu para a protecção de dados. No global, houve um aumento de 1,5% de utilizadores face ao trimestre anterior, mas foi assente nos países em vias de desenvolvimento, cujos utilizadores têm menos peso nas contas da publicidade.
Imagem: Wiki How
Isto não é uma particularidade do Facebook.
O cansaço em relação às redes sociais é palpável e as gerações mais novas têm afluído para plataformas potencialmente menos intrusivas na vida privada, como o Instagram (do Facebook) e as aplicações de mensagens. Veja-se o Twitter, que decidiu fazer uma muito necessária purga para livrar a plataforma de contas falsas e coim isso viu o número de utilizadores cair ligeiramente. As acções resvalaram praticamente na mesma proporção que as do Facebook (21% imediatamente após os resultados), apesar de, tal como o rival, os resultados financeiros terem melhorado significativamente.
É cedo para dizer que estas redes sociais vão cair (já aconteceu no passado com gigantes que em determinados momentos pareciam inabaláveis, como o Yahoo e a Nokia). Mas têm pela frente um caminho cheio de pedras.
A quase queda do mito
Também a imagem de Elon Musk já teve melhores dias, como explica a Karla Pequenino. O idolatrado presidente da Tesla e da Space X
- fez questão de se envolver no resgate das crianças tailandesas com um mini-submarino inútil,
- num episódio que teve um triste epílogo:
- Musk acabou a chamar pedófilo a um dos mergulhadores responsáveis pela operação (apagou a mensagem no Twitter e pediu desculpas).
Junta-se a isto
- a impaciência crescente dos investidores,
- as dificuldades de produção da Tesla,
- o despedimento de trabalhadores
- e o humor errático do executivo.
Musk não é (por enquanto, pelo menos) um Gates ou um Bezos. É o brilho dos milhões que tem o condão de ofuscar as diferenças.
Digno de nota
– A Comissão Europeia voltou a aplicar uma multa recorde ao Google por questões concorrenciais. Desta feita, a investigação incidiu sobre práticas relacionadas com o Android, o sistema operativo que equipa praticamente todos os smartphones para além dos iPhones e cujo desenvolvimento é encabeçado pela multinacional americana (que decidiu recorrer da sanção).
Mas nem tudo são más notícias: o grupo Alphabet (a empresa de topo que agrega as empresas do universo Google) viu as receitas subirem 26% no segundo trimestre.
– Uma investigação de dois académicos dos EUA
- analisou os fenómenos de trolling em sete países – Azerbaijão, Bahrein, Equador, Filipinas, Turquia, Venezuela e os próprios EUA –
- e mostrou que, tanto em ditaduras como em democracias, políticos e governos
- usam a Internet para espalhar mensagens, gerar discórdia e tentar silenciar vozes críticas.
– Uma equipa de investigadores da Universidade de Cornell, nos EUA, criou robôs com “pele de galinha”. O objectivo? Facilitar a comunicação homem-máquina, através de um sinal globalmente reconhecido. Ao que parece, inspiraram-se em Charles Darwin, que escreveu em 1872: “É pouco provável que exista uma expressão de movimento mais generalizada do que o levantar, involuntário, de penas e cabelos.”
João Pedro Pereira
Fonte: Público/Tecnologia. 4.0
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