“Os Brics provam sua capacidade de agir, ao contrário do que acontece no G7… os emergentes, que formaram a primeira iniciativa de um coletivo não-ocidental desde a Guerra Fria, contribuirão para escrever a história do século 21”.
- Brasil,
- Rússia,
- Índia,
- China
- e África do Sul.
O editorialista Nicolas Baverez (Foto) começa sua análise de forma bem pessimista, afirmando que em um momento em que a “desglobalização” avança a pleno vapor, o projeto dos Brics pode parecer algo que já pertence ao passado.
Segundo ele, “a espetacular ascensão do grupo é algo indissociável do período de globalização triunfante que começou em 1989, com a queda do muro de Berlim, e que terminou com o crash de 2008”.
O texto explica que desde o início desta década, o grupo dos emergentes, com exceção da Índia, está em ponto morto. Um dos exemplos dados é o da China, que vive o final de seus 30 anos de glória, com um crescimento que caiu pela metade em menos de dez anos. “Mas a situação no Brasil, na Rússia e na África do Sul é bem mais preocupante”, comenta o autor.
No caso brasileiro, o texto
- fala da crise mais severa desde os anos 1930,
- com um índice de desemprego que praticamente dobrou
- e uma implosão do sistema político.
Já os russos, que
- basearam seu modelo econômico na renda proveniente dos combustíveis, que representam 70% das exportações do país,
- sofrem com a queda dos preços,
enquanto os sul-africanos
- estagnam com um índice de desemprego que ultrapassa um terço da população.
Mas para o editorialista, a falta de credibilidade dos Brics vai além dessa crise conjuntural, já que a suposta união dos países esconde realidades, potências e interesses fundamentalmente diferentes.
Líderes dos BRICS – Goa 2016 – Foto: https://br.sputniknews.com/noticias/201610196587467-paises-brics-precisam-interagir-intensamente/
Enterrar os Brics seria prematuro
No entanto, apesar do tom fatalista do início do texto, Baverez, que também é editorialista para o jornal de tendência conservadora Le Figaro, diz que seria um erro enterrar o conceito dos Brics. Ele explica que a situação do grupo melhora aos poucos, principalmente graças ao aumento dos preços do petróleo e das matérias-primas, e aposta que a “desglobalização” não vai frear a ascensão do bloco, por uma série de razões.
- “Eles dispõem de 42% da população mundial,
- de uma classe média de quase um bilhão e meio de pessoas,
- além de concentrar 25% da produção do planeta
- e quase metade das reservas de câmbio, algo que permite alimentar o crescimento a partir da demanda interna”, lista o autor.
Sem esquecer que várias empresas do bloco se destacam como líderes mundiais em setores do futuro, como as chinesas Baidu e Alibaba, no universo digital.
Mas a principal análise do texto é a comparação com o G7, grupo das principais potências econômicas do planeta.
- “Os Brics provam sua capacidade de agir, ao contrário do que acontece no G7”, alfineta.
- Para o editorialista, os emergentes, que formaram a primeira iniciativa de um coletivo não-ocidental desde a Guerra Fria, contribuirão para escrever a história do século 21.
“Ao invés de ceder às paixões coletivas e se fechar no protecionismo e no nacionalismo, as democracias devem buscar, no desafio lançado pelos Brics, a energia necessária
- para reformar,
- para defender a liberdade política
- e para restaurar a união,
se associando às novas potências do Sul na governança da sociedade aberta”, conclui o editorial da revista Le Point.
Silvano Mendes
Fontes: http://br.rfi.fr/mundo/20161029-revista-francesa-diz-que-brics-tem-mais-capacidade-de-agir-que-g7
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