
Andressa Collet – 25 Novembro 2022 | Foto: DAQUI
Um vídeo especial produzido pelo Vatican News (Clique e Veja) repropõe a reflexão feita por Francisco durante homilia de 1° de janeiro de 2020, Dia da Paz e Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus.
A reportagem é de Andressa Collet, publicada por Vatican News, 24-11-2022.
“O renascimento da humanidade começou pela mulher.
- As mulheres são fontes de vida; e, no entanto, são continuamente ofendidas, espancadas, violentadas, induzidas a se prostituir e a suprimir a vida que trazem no seio.
- Toda a violência infligida à mulher é profanação de Deus, nascido de uma mulher.”
“Pelo modo como tratamos o corpo da mulher, vê-se o nosso nível de humanidade.”
Olhar com o coração é ver o irmão além de suas fragilidades
Assim o Papa Francisco, na missa pela Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, e Dia Mundial da Paz, de 1° de janeiro de 2020, convidou a nos aproximarmos de Nossa Senhora, mãe e mulher, que teceu a humanidade de Deus:
“se quisermos tecer de humanidade a trama dos nossos dias, devemos recomeçar da mulher”,
acrescentou ainda o Pontífice em homilia.
Palavras contundentes ao recordar das mulheres violentadas que ganham força neste 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, instituído pela ONU.
A campanha brasileira “Una-se”
Em uma ação dentro dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas – uma iniciativa internacional encabeçada pelo secretário-geral das Nações Unidas desde 2008 –
- a ONU Brasil começou no último domingo (20), Dia da Consciência Negra, a campanha “Una-se! O Brasil das Mulheres“.
Até o dia 10 de dezembro, as agências que fazem parte da ONU Brasil mobilizarão
- governos, parlamentos, sistema de justiça, empresas e sociedade civil para debater e construir “o Brasil das mulheres”,
- um país que seja diverso, justo e seguro,
- onde todas as mulheres e meninas possam viver suas vidas livres de violência e de discriminação.
“A violência contra as mulheres e as meninas
- é uma grave violação de direitos humanos.
- Precisamos escutar e fazer ecoar as vozes das mulheres defensoras de direitos humanos, que têm trabalhado arduamente, em todos os lugares,
- para que todas as mulheres e meninas vivam suas vidas livres de violência”,
afirma a coordenadora residente das Nações Unidas no Brasil, Silvia Rucks.
Violência contra as mulheres – Foto: DAQUI
Enfrentamento e prevenção: Lei Maria da Penha
Entre os mecanismos de enfrentamento e prevenção à violência que devem ser celebrados através da campanha,
- destaca-se a Lei Maria da Penha, a mais importante legislação sobre violência contra mulheres no país.
- A Lei Maria da Penha é um dos maiores exemplos do esforço coletivo de feministas e defensoras de direitos humanos
- e trouxe inúmeros avanços no país.
Outro exemplo importante
- é a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2019, que prevê maior proteção a
- mulheres lésbicas, bissexuais, trans e travestis
- contra discriminação com base em orientação sexual e identidade de gênero, por analogia ao crime de racismo.
De grande importância é também
- a decisão do STF de 2022, que estabeleceu jurisprudência
- para a aplicação da Lei Maria da Penha para mulheres trans e travestis.
Apesar dos avanços, ainda existem lacunas na proteção integral de direitos humanos de todas as mulheres e meninas no Brasil.
As leis existentes
- não abarcam contextos de violência contra mulheres no ambiente de trabalho,
- nos meios de comunicação,
- contra as ativistas que defendem direitos humanos,
em contextos de deslocamento, sejam eles forçados ou voluntários, ou nos casos de violência perpetrada por atores estatais.
“A violência contra mulheres e meninas não afeta todas elas da mesma forma. Por isso, precisamos de soluções e iniciativas específicas para que possamos construir esse Brasil das mulheres, que seja realmente de todas as mulheres e meninas”,
completa Silvia Rucks.
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Andressa Collet
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