O artigo é de Hans A. Trein, pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Eis o artigo.
A sociedade brasileira teve quase quatro anos para conhecê-lo.
- O ponderado político cearense Tasso Jereissati disse que o problema dele é mental.
- A psicóloga, psicanalista e sexóloga Marta Suplicy afirmou que ele é psicopata.
Os primeiros sinais apareceram publicamente em 2019, pois antes era quase desconhecido. De lá para cá ficaram muito evidentes. Veja abaixo as características da psicopatia, pesquise, e tire suas conclusões.
A psicopatia é um distúrbio mental caracterizado pelo desprezo por outras pessoas. É um transtorno de personalidade também conhecido por sociopatia ou condutopatia.
A definição de psicopatia no dicionário Oxford Languages:
“Distúrbio mental grave em que o enfermo apresenta
- comportamentos antissociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso,
- incapacidade para amar e se relacionar com outras pessoas com laços afetivos profundos,
- egocentrismo extremo
- e incapacidade de aprender com a experiência.”
O psiquiatra forense Dr. Guido Palomba diz que a psicopatia está entre os distúrbios mentais mais difíceis de diagnosticar e detectar.
O psicopata pode parecer normal e até mesmo ser encantador.
- “Não apresenta sentimentos superiores de piedade, compaixão e altruísmo…
- não há culpa nem remorso… culpa a vítima… tem desejo anormal…
- Os condutopatas nascem, se desenvolvem e morrem condutopatas.”
A psiquiatria distingue entre casos leves, moderados e graves de psicopatia.
- A psicopatia é uma doença refratária a tratamento.
- Tratamento psicoterápico pode ajudar, mas a enfermidade é crônica: pode durar anos ou a vida inteira. A psicopatia não tem cura: é um modo de ser.
Fazendo um levantamento, ele tem todos os indícios de psicopatia.
Vejamos alguns:
– Empatia inexistente. Ele não sofre com o sofrimento alheio. Ele não entende o sofrimento alheio. “E daí?”
– Culpa a vítima, como foi o caso de Bruno Pereira e Dom Phillips, assassinados esse ano.
– É um homem permanentemente vaidoso que só pensa nele mesmo e, no máximo, em familiares mais próximos. Sua pretensão messiânica extrapolou tanto que, nos primeiros anos, era presidente e antipresidente, ao mesmo tempo.
– Os fins justificam os meios. Nada é sagrado, não há limites para instrumentalizar religião, Deus… a ética é utilitarista, ou seja, são apenas meios que servem aos seus próprios interesses.
– Advoga a liberdade sem limites, inclusive a liberdade de mentir e de ser violento. O efeito já é verificável nas estatísticas.
– Não aguenta o contraditório. Ele não aguenta alguém que discorde. Ele elimina essas pessoas da sua vida, do seu governo, de onde for, pois a pessoa dá trabalho, por discordar de suas ideias.
– Ele é compulsivo, fala qualquer coisa.
- Arrota ignorância como se fosse sabedoria.
- Não tem controle nenhum, nem da consequência.
- Diz qualquer coisa, dias depois desdiz, tempos depois afirma que nunca disse, apostando na falta de memória e ofendendo a inteligência de cidadãos e cidadãs, apesar de estar tudo gravado.
- Transformou a cadeira da Presidência numa mesa de bar.
– É turrão e tosco nas palavras. Fala o que vem na cabeça. Seus asseclas elogiam como “sinceridade” e “autenticidade”, entretanto.
– Quando o valor das palavras é banalizado,
- a ponto de o pior poder ser dito por um candidato à Presidência da República, como se fossem apenas palavras ao ar,
- perdemos a noção de que estamos escrevendo, com elas, nossa história.
- Palavras corrompidas são como balas perdidas; um dia acharão corpos, os mais vulneráveis! (Eliane Brum)
– É afeito a exageros positivos para si mesmo (“melhor do mundo”), negativos para quem pensa diferente (“pior da humanidade”), por ele declarado como inimigo a ser eliminado.
– Ele não sente culpa de nada, e isso revela um traço muito sério do psicopata. Quando alguém faz algo errado, geralmente sente culpa. Ele não. Ele consegue dormir. Ele se acha absolutamente certo, e quem não acha… fora!
– O psicopata tem uma crueldade muito grande.
- É uma pessoa maligna mesmo, transgressora, sem limites.
- A vida inteira ele foi um transgressor.
- O psicopata é cruel, porque sente prazer na dor alheia, isso lhe dá satisfação. Isso o nutre, isso lhe dá segurança.
- E quanto mais inseguro ele fica, mais ele humilha, mais ele ofende covardemente as minorias.
– Ele não é um psicopata simples. Ele tem paranoia, vê coisas onde não existem.
Com sua chegada à Presidência, de certa forma ele tornou a psicopatia socialmente aceitável e como uma normalidade.
- Cercou-se de pessoas com as mesmas tendências – quem não as têm foi excluído – e incentivou muitas pessoas a soltar o lobo raivoso e destruidor que existe dentro delas.
- Fez vir à tona, aflorar, condutas antissociais e amorais dos ressentidos na sociedade, condutas misóginas, racistas, discriminadoras e violentas que antes estavam fervilhando sob a superfície do controle social.
Imagine-se gente seguindo o líder e replicando as características da psicopatia na sociedade!
Basta olhar o padrão de comportamento de seus seguidores, principalmente nas redes sociais – ali ainda protegidos por um manto de anonimato – e também de alguns mais fanáticos no cercadinho do Palácio da Alvorada, nos comícios e até mesmo no Santuário de Aparecida.
Uma última observação: as tragédias pessoais dos poderosos tornam-se muito perigosas quando elas se transformam em políticas públicas.
Aí está o peso do seu voto!
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Hans A. Trein
pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
FONTE: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/623304-ele-e-um-psicopata
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Fontes do Autor:
Vídeo de entrevista com Marta Suplicy, acesso em 15.10.2022.
Vídeo de entrevista com o psiquiatra forense, Dr. Guido Palomba, acesso em 15.10.2022.
BRUM, Eliane. Cem dias sob o domínio dos perversos. El País, de 12 de abril de 2019. Acesso em 18.10.2022.
Leia mais:
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- Vivemos uma ‘psicopatia difusa’ na política brasileira, diz psicanalista
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