
O presidente americano, Joe Biden, afirmou ser um
- “dia triste para a Corte e para o país”
- e que faz os Estados Unidos retrocederem 150 anos.
“Agora que [o caso] Roe [que garantia o direito ao aborto] se foi, vamos ser bem claros, a saúde e a vida de mulheres em todo o país estão sob risco”,
disse ele em um pronunciamento na Casa Branca.
“A Corte fez algo que nunca tinha feito antes – retirar, de forma expressa, um direito constitucional, que é tão fundamental para muitos americanos.”
Biden prometeu seguir empenhado em defender os direitos reprodutivos, mas lembrou que nenhuma ordem executiva editada por ele poderia garantir o direito de uma mulher escolher se deseja interromper uma gravidez.
Ele pediu aos americanos que elejam congressistas comprometidos em estabelecer o direito ao aborto em uma lei federal.
“Neste outono [quando os EUA realizam eleições legislativas], [o caso] Roe está nas urnas. Liberdades pessoais estão nas urnas”, disse.
Biden também alertou que
- a decisão sobre o aborto pode ser o prenúncio de novos vereditos conduzidos pela maioria conservadora da Suprema Corte
- que também afetem o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo
- e o direito à contracepção.
A ex-primeira dama Michelle Obama divulgou uma nota em que afirma estar “de coração partido” que o país iria enfrentar novamente as “lições dolorosas” de um período anterior à legalização do aborto no país –
“uma época em que as mulheres corriam o risco de morrer ao fazerem abortos ilegais”. “Isso é o que nossas mães, avós e bisavós viveram, e agora voltamos a esse ponto.”
O ex-presidente Barack Obama declarou:
“Hoje, a Suprema Corte não apenas reverteu quase 50 anos de precedente, como relegou a decisão mais intensamente pessoal que alguém pode tomar aos caprichos de políticos e ideólogos – atacando as liberdades essenciais de milhões de americanos.”
Trudeau, Macron e Johnson se manifestam
Para o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, a decisão da Suprema Corte dos EUA é “horrível”.
“Nenhum governo, político ou homem deveria dizer a uma mulher o que ela pode ou não pode fazer com seu corpo”,
escreveu ele no Twitter.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a decisão minava a liberdade das mulheres.
“O aborto é um direito fundamental para todas as mulheres. Precisa ser protegido. Expresso minha solidariedade às mulheres cujas liberdades estão sendo minadas hoje pela Suprema Corte dos Estados Unidos”,
escreveu Macron.
A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, disse que
- o veredito significa um retrocesso para os direitos humanos.
- “Consternação: a revogação pela Suprema Corte dos EUA do direito ao aborto marca um grande revés para os direitos fundamentais. A França seguirá pronta para defendê-los”,
escreveu ela, também no Twitter.
Outro político europeu que criticou a decisão da Suprema Corte foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que a definiu como
- “um grande passo para trás” que tem “um imenso impacto no pensamento das pessoas em todo o mundo”.
- “Sempre acreditei no direito da mulher de escolher e mantenho essa posição”,
disse Johnson.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que está “muito desapontado” com a decisão.
“Os direitos das mulheres precisam ser protegidos. E eu esperava que a América protegeria esses direitos”, afirmou.
Diversas companhias sediadas nos Estados Unidos informaram, após a decisão da Suprema Corte, que
- irão reembolsar os custos com viagens de funcionárias que precisem ir a outros estados para realizar o aborto legal,
- como a Walt Disney Co., a Meta (dona do Facebook e do Instagram), a Netflix e a Alaska Airlines.
- Outras empresas já haviam anunciado o mesmo antes da decisão, como a Microsoft e a Tesla.
Trump e Vaticano comemoram
O ex-presidente Donald Trump, que nomeou três ministros da atual composição da Corte que garantem a sua atual maioria conservadora, disse à emissora Fox News que
- “Deus tomou a decisão”,
- e que o veredito “segue a Constituição e coloca em seu lugar direitos que deviam ser reconhecidos há muito tempo”.
A Pontifícia Academia para a Vida, um órgão oficial do Vaticano,
- também elogiou a decisão da Suprema Corte americana
- e disse que o veredito iria desafiar todo o mundo a refletir sobre o tema.
“O fato de que um grande país com uma longa tradição democrática ter mudado sua posição sobre o tema também desafia todo o mundo”,
disse a Academia em um comunicado.
O arcebispo Vincenzo Paglia, que comanda o órgão, afirmou que o veredito é
- “um convite poderoso a refletir sobre o tema”
em um momento em que “a sociedade ocidental está perdendo a paixão pela vida”.
bl/ek (Reuters, AP, AFP)
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