Andrea Tornielli – 02 Mai 2022 – Pregrinos e visitantes na praça de S. Pedro em Roma neste Domingo -Foto: DAQUI
No Regina Coeli, Francisco levanta a questão da vontade real de se deter a violência militar e verbal para se chegar a um acordo.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican News, 01-05-2022.
“Pergunto-me se há uma busca real pela paz…”
O Papa Francisco escolheu apresentar sob forma de perguntas as dúvidas de muitas pessoas que acompanham o aumento da violência militar na Ucrânia.
Uma escalada preocupante para um conflito
- sempre mais devastador,
- com custos altíssimos para a população civil inerme
- e que cresce de acordo com a ameaças verbais,
- com a total demonização do adversário e com a simulações sobre possíveis ataques nucleares.
A prossecução da guerra de agressão perpetrada pelo exército russo contra a Ucrânia, a corrida para o rearmamento e a falta de iniciativas incisivas em nível internacional
- fazem com que se afirme sempre mais o pensamento de quem considera inelutável o conflito armado,
- a volta ao passado e aos antigos “esquemas” de guerra que desejávamos superados.
“Enquanto se assiste a um macabro retrocesso de humanidade – disse o Papa– pergunto-me, junto a outras pessoas angustiadas,
- se há uma busca real pela paz;
- se há vontade de evitar uma contínua escalada militar e verbal,
- se está sendo feito todo o possível para que se calem as armas”.
É particularmente evidente a dificuldade de responder afirmativamente aos quesitos de Francisco.
“Todos queremos a paz”,
é a resposta dos líderes do mundo.
- Mas esta vontade com as palavras – se expressada – não se transforma em determinação criativa e em autêntica vontade de negociar.
- Fala-se de paz e se continua a aplicar o que o Papa definiu como “esquema de guerra”.
Nos dias passados, o cardeal Pietro Parolin, auspiciando uma nova Conferência de Helsinque, disse:
- “Olhar para aquilo que aconteceu nas últimas décadas deveria no convencer sobre a necessidade de confiar mais nos organismos internacional e em sua construção, buscando torná-los uma ‘casa comum’, onde todos se sintam representados. Ao mesmo tempo,
- nos deveria convencer sobre a necessidade de construir um novo sistema de relações internacionais, baseado não mais na contenção e na força militar: é uma prioridade.
- E o é porque se não refletirmos sobre isso, se não trabalharmos para isso, estamos destinados a correr para o abismo da guerra total”.
Por isso, o Sucessor de Pedro repetiu a sua súplica, pedindo para “não se render à lógica da violência, à perversa espiral das armas” e para empreender finalmente o caminho do diálogo e da paz.
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Andrea Tornielli
Fonte: https://www.ihu.unisinos.br/618180-aquelas-perguntas-do-papa-sobre-a-paz#
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