Jane Nogara, Vatican News, 21-01-2022. Foto: Vatican News
Dignidade, discernimento e fé foram as três palavras refletidas durante o discurso do Papa Francisco aos participantes da Assembleia Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé recebidos nesta manhã (21/02) no Vaticano.
A reportagem é de Jane Nogara, publicada por Vatican News, 21-01-2022.
Na manhã desta sexta-feira (21/01) o Papa Francisco recebeu os participantes da Assembleia Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé. O Papa iniciou seu discurso comunicando que iria partilhar com os presentes algumas reflexões, agrupando-as em torno de três palavras: dignidade, discernimento e fé.
Dignidade
Ao refletir sobre a palavra dignidade o Papa recordou que em nossa época,
“marcada por tantas tensões sociais, políticas e até mesmo relacionadas à saúde, há uma tentação crescente de considerar o outro como um estranho ou um inimigo, negando-lhe a verdadeira dignidade”.
Advertindo que
“especialmente neste momento, somos chamados a lembrar, ‘em todas as ocasiões oportunas e inoportunas’ e seguindo fielmente um ensinamento da Igreja de dois mil anos,
- que a dignidade de todo ser humano tem um caráter intrínseco
- e é válida desde o momento da concepção até à morte natural”.
A afirmação da dignidade
- é o pré-requisito inalienável para a proteção de uma existência pessoal e social,
- e também a condição necessária para que a fraternidade e a amizade social sejam realizadas entre todos os povos da Terra – Papa Francisco
“A Igreja – continuou o Pontífice – desde o início de sua missão sempre proclamou e promoveu o valor intangível da dignidade humana. O homem é de fato a obra-prima da criação:
- é querido e amado por Deus como parceiro em seus planos eternos,
- e por sua salvação Jesus deu sua vida ao ponto de morrer na cruz por cada homem, por cada um de nós”.
Discernimento
Ao falar sobre o discernimento o Papa refletiu três aspectos, o primeiro referia-se sobre
“a maior necessidade de espiritualidade em nossos tempos que, porém, nem sempre encontra seu ponto de referência no Evangelho. Assim, não é raro lidar com supostos fenômenos sobrenaturais, para os quais o povo de Deus deve receber indicações confiáveis e sólidas”,
aconselhou Francisco.
O segundo aspecto do discernimento “encontra uma aplicação necessária na luta contra abusos de todo tipo”.
A Igreja com a ajuda de Deus, leva adiante com determinação seu compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos por parte de seus membros, aplicando com especial cuidado e rigor a legislação canônica prevista – Papa Francisco
Recordando também que recentemente atualizou as “Normas sobre crimes reservados à Congregação para a Doutrina da Fé“, com o desejo de tornar a ação judicial mais incisiva.
“Isto por si só não pode ser suficiente para conter o fenômeno, mas é um passo necessário para restabelecer a justiça, reparar o escândalo e emendar o réu”.
E o terceiro aspecto do discernimento referia-se
“a dissolução do vínculo matrimonial in favorem fidei”.
“Quando – explicou Francisco – em virtude do poder petrino, a Igreja concede a dissolução de um vínculo matrimonial não-sacramental,
- não se trata apenas de pôr um fim canônico a um casamento, que já falhou de fato,
- mas, na realidade, através deste ato eminentemente pastoral,
- pretendo sempre favorecer a fé católica – in favorem fidei! – na nova união e na família, da qual este novo casamento será o núcleo”.
Francisco destaca ainda um outro importante aspecto:
“E aqui também gostaria de focalizar a necessidade de discernimento no caminho sinodal.
- Um caminho sinodal sem discernimento não é um caminho sinodal. É necessário discernir continuamente opiniões, pontos de vista e reflexões. Não se pode percorrer o caminho sinodal sem discernir.
- Este discernimento é o que fará do Sínodo um verdadeiro Sínodo, no qual – digamos – o personagem mais importante é o Espírito Santo, e não um parlamento ou uma pesquisa de opiniões que a mídia possa realizar. É por isso que ressalto: o discernimento é importante no caminho sinodal”.
A fé
Por fim o Papa refletiu sobre a palavra fé. Iniciou recordando o fundamento da Congregação que é o de
“não apenas para defender, mas também para promover a fé. Sem fé, a presença de crentes no mundo seria reduzida à de uma agência humanitária”.
“Nunca devemos esquecer – afirmou – que
- uma fé que não nos põe em crise é uma fé em crise;
- uma fé que não nos faz crescer é uma fé que deve crescer;
- uma fé que não nos questiona é uma fé sobre a qual nos devemos questionar;
- uma fé que não nos anima é uma fé que deve ser animada;
- uma fé que não nos sacode é uma fé que deve ser sacudida”
Concluindo disse aos presentes:
“Não nos contentemos com uma fé morna e habitual. Colaboremos com o Espírito Santo e uns aos outros para que o fogo que Jesus trouxe ao mundo possa continuar aceso e incendiar o coração de todos”.
Jane Nogara
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-01/papa-francisco-plenaria-doutrina-fe.html
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