Fazer Sínodo, segundo o padre Sérgio Leal
Rui Saraiva – Foto: DAQUI
“Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão” é o tema da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos que terá lugar em outubro de 2023. Mas, o mais importante é o caminho a percorrer até essa data.
Assim, na terça-feira 7 de setembro, foi apresentado o Documento preparatório Sínodo 2023 que terá agora utilização concreta na fase diocesana do Sínodo.
Um processo sinodal que tem início oficial em Roma nos dias 9 e 10 de outubro e no dia 17 do mesmo mês a ativação em cada uma das Igrejas particulares.

- “A Igreja não são só os que enchem os primeiros lugares.
- A Igreja como mãe inclui todos, mesmo aqueles que não praticam, mesmo aqueles que deixaram a Igreja instituição.
- Este Sínodo é um convite a todos para estarem juntos e escutar aquilo que o Espírito Santo está dizendo. O Espírito Santo não faz distinções”– afirmou.
- que ofereça a cada um, de maneira especial àqueles que se encontram à margem,
- a oportunidade de se expressarem e serem ouvidos.
Também é feita a proposta de análise ao modo “como a responsabilidade e o poder são vividos na Igreja”.
Caminho conjunto
- Caminho de toda a Igreja: pastores, fiéis, consagrados, religiosos, religiosas, todos os batizados.
- E, portanto, podemos dizer que sinodalidade é, em primeiro lugar, um caminho conjunto.
É verdade que hoje muitas vezes falamos de sinodalidade ligando a estruturas de corresponsabilidade e de comunhão,
eu diria que mais do que estruturas ou um somatório de estruturas a sinodalidade é um estilo, um modo de ser Igreja”– afirmou.
O padre português Sérgio Leal – da diocese do Porto – ajuda-nos a compreender o conceito de sinodalidade e o que isso significa no caminho proposto pelo Papa Francisco.
Escuta recíproca, escuta alargada
- Se a identidade da Igreja é ser comunhão, unidade, caminho conjunto,
- então o seu agir deve ser moldado a partir daqui.
O Papa diz em primeiro lugar que caminhar juntos implica uma escuta recíproca.
Isto é,
- não uma visão unidirecional de serem os fiéis leigos os destinatários da ação eclesial,
- mas de percebermos que o protagonista da ação da Igreja é todo o povo de Deus.
- Na diversidade de ministérios, de carismas, de funções, de serviços.
E se há diversidade de ministérios e de serviços é porque
- numa Igreja comunhão não fazemos todos o mesmo,
- mas na reciprocidade dos diferentes dons cada um vai realizando aquele que é o projeto de Deus para ele.
Portanto, escuta recíproca:
- pastores que escutam os fiéis,
- fiéis que escutam os pastores.
- E de uma Igreja que conjuntamente escuta a voz de Deus.
- Escutando a voz até dos não-crentes.
- Uma escuta alargada que escuta o grito do mundo para aí escutar a voz de Deus
- e que escuta a voz de Deus para aí escutar os desafios da história.
Depois o Papa diz uma coisa muito interessante neste discurso:
- uma Igreja que aparece como sinal de comunhão e de unidade no tempo de dispersão.
Num tempo como o nosso pós-moderno, a Igreja apresentar um caminho
- que respeita a diversidade, que promove essa diversidade,
- mas que ao mesmo tempo promove uma unidade nesse caminho
este é também um sinal para os tempos que vivemos”
A marca da humildade
- E se nos entendemos lugar da ação daquele que é maior do que nós,
- então reconhecemos a nossa condição humilde que em nada nos enfraquece, pelo contrário nos engrandece.
E neste sentido a Igreja sinodal é uma Igreja também da humildade.
- A escuta pressupõe a humildade de me perceber a caminho com outros.
- Uma Igreja da escuta, uma Igreja sinodal não me coloca acima do outro, mas a caminho com ele.
E é este novo modo de ser e de estar como diz o documento da Comissão Teológica internacional, este “modus vivendi et operandi” (modo de viver e de agir – NdR) que caracteriza a sinodalidade e por isso faz dela,
- não apenas um método, não um conjunto de estruturas,
- mas um estilo, um modo de ser Igreja,
- uma dinâmica que nos conduz à conversão pastoral, que caracteriza o nosso modo de ser
- e por isso deve estar presente no modo de agir da Igreja.
E, por isso, uma Igreja
- que não se reconheça humildemente a caminho,
- que não tenha esta atitude de humildade, de uma escuta que pressupõe silêncio…
Nós estamos habituados a uma Igreja
- que tem sempre a última palavra sobre tudo,
- que tem sempre uma palavra para tudo.
E diante dos dramas da história,
- muitas vezes, também a atitude de silêncio,
- de escuta, de quem está a caminho,
- de quem não é autossuficiente e autorreferencial,
porque a Igreja nasce de Deus e para Ele caminha, isto traz uma nova marca”.

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