CRISE BRASILEIRA – BRASIL À VENDA, DESDE 2016

A comprovação da atuação e interesse dos EUA no golpe – que estas novas denúncias da Lava Jato, analisadas pela polícia federal na Operação Spoofing, descrevem com sórdidos detalhes – são dimensões fundamentais da compreensão do turbilhão de acontecimentos ocorridos no Brasil nos últimos oito ou nove anos.
Impressiona, por exemplo, que
- o núcleo da força-tarefa da Operação Lava Jato tenha comemorado a ordem de prisão contra Lula em abril de 2018.
- O chefe da Operação, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa à época, chegou a exclamar, de forma empolgada, que foi um “presente da CIA”.
Dos bastidores do golpe sabemos o mínimo, com o tempo saberemos muito mais. Mas os diálogos vazados recentemente, dos agora desmascarados membros da Lava Jato, deixam muito evidente que
- toda a operação nada tinha a ver com combate à corrupção,
- mas era uma tramoia coordenada por um país estrangeiro,
- visando dar as cartas da política no país e atingir seus objetivos econômicos e políticos.
O que se sabe é que os Estados Unidos para continuar na condição de potência, depende crescentemente dos recursos naturais da América Latina e, por esta razão, não quer perder o controle político e econômico da região.
A estratégia norte-americana tem caráter subcontinental, praticamente todos os países da América do Sul sofreram golpes, adaptados a cada realidade social e política. Na maioria dos países foram ataques desferidos sem participação aberta das forças armadas (que atuaram nos bastidores), utilizando
- os grandes meios de comunicação,
- parcela do judiciário
- e políticos da oposição
para sacramentar o processo.
Durante os governos Lula e Dilma, o Brasil tomou iniciativas que desagradaram ao Império:
- aproximação com os vizinhos sul-americanos,
- fortalecimento do Mercosul,
- organização do BRICS,
- votação da Lei de Partilha,
- projeto de fabricação de submarino nuclear em parceria com a França,
- fortalecimento da indústria, etc.
Somente um processo sofisticado de manipulação da população poderia
- possibilitar o apoio a uma operação entreguista como a Lava Jato
- e aceitar com naturalidade o repasse, ao Império do Norte,
- de petróleo, água, minerais e território para instalação de bases militares.
Em 2015 achávamos que
- o pessoal da operação Lava Jato
- eram apenas idiotas úteis, deslumbrados com a chance de rastejar perante o poder imperialista.
No entanto, com as impressionantes denúncias que foram surgindo, a partir da Vaza Jato, ficamos sabendo que a coisa foi bastante diferente.
O chefe da operação, por exemplo,
- estava ganhando um bom dinheiro, como palestrante e vendedor de livros,
- inclusive em reuniões secretas com banqueiros, que ajudaram a financiar o golpe.
Deslumbrado pelos acontecimentos,
- Dallagnol foi, possivelmente, o mais imprudente de todos:
- em algumas conversas vazadas comentou ter faturado com palestras e livros R$ 400 mil, somente em alguns meses de 2018.
Os procedimentos ilegais utilizados na operação,
- prisões arbitrárias,
- vazamento seletivo de delações de criminosos,
- desrespeito aos princípios mais elementares da democracia (como a presunção de inocência),
- e a mobilização da opinião pública contra pessoas delatadas,
são técnicas largamente utilizadas pela CIA em golpes e sabotagens mundo afora.
Blindados pela mídia, a arrogância e o descaso com a opinião pública era tão grande que
- a Lava Jato fez acordos de colaboração com o departamento de justiça dos EUA,
- com troca de informações de um lado e outro,
- para uso inclusive, das estruturas jurídicas americanas em processos contra a Petrobrás.
O interesse do capital internacional, essencialmente o norte-americano, obviamente
- é ampliar o acesso e o controle sobre fontes de recursos naturais estratégicos,
- em momento de queda da taxa de lucro ao nível internacional (terra, água, petróleo, minérios, e toda a biodiversidade da Amazônia).
Mas no golpe houve todo um interesse geopolítico, de alinhar o Brasil nas políticas dos EUA, como ocorreu em todos os golpes. Os países imperialistas corrompem para ter acesso a direitos e todo tipo de riquezas dos países subdesenvolvidos.
Logo após o golpe no Brasil, em 2016, conforme estava no script, o governo Temer tomou várias medidas favoráveis às petroleiras:
- redução das exigências de conteúdo local,
- redução de impostos,
- dispensa de licenças ambientais,
- concessão de poços de petróleo a preços de banana.
A mamata envolve valores acima de um trilhão de reais (em 20 anos), tirados da mesa dos brasileiros mais pobres (conforme previa a lei de Partilha).
Algum incauto, por mais colonizado e tolo que seja, seria capaz de supor que, nessa altura dos acontecimentos, essas benesses concedidas às petroleiras foram concedidas pela simples admiração aos costumes requintados dos países imperialistas?
- Uma informação que circulou em 2016, após o golpe, com origem no Wikileaks,
- foi a de que Michel Temer era informante do governo americano.
É claro que as informações que ele passava para a embaixada americana eram remetidas para órgãos estratégicos do governo dos Estados Unidos. O detalhe é que Temer era vice-presidente da República e seu partido era o segundo mais importante na coalização de governo.
- Temer fazia críticas pesadas ao governo na ocasião, afirmando que o governo gastava muito com programas sociais.
- Temer, que atualmente é uma espécie de conselheiro informal de Bolsonaro, negou as denúncias, claro.
- Mas o Wikileaks divulgou telegramas trocados entre Temer e a embaixada, além de outros indícios.
O envolvimento dos Estados imperialistas nos golpes recentes na América Latina, liderado pelos EUA, atende a interesses de Estado (por exemplo, água, petróleo, bases militares). Mas em boa parte corresponde ao interesse das suas empresas também, grandes oligopólios, que dominam amplos setores da produção mundial.
Segundo a Revista Forbes, das 500 maiores empresas do mundo em 2019, 62% se originam em quatro países (EUA, China, Japão e França).
Só os EUA é o país-sede de 128 grupos, mais de ¼ do total. O país de origem das grandes empresas mundiais é sempre uma boa referência para saber se o país em questão é desenvolvido ou subdesenvolvido.
Das 500 maiores empresas do mundo apenas oito são brasileiras, de acordo com o ranking Fortune 500, o que diz muita coisa sobre o nosso desenvolvimento.
Isto significa que,
- apesar de o Brasil ser a 10ª economia do mundo,
- sedia apenas 1,6% das 500 maiores empresas do mundo.
Não por coincidência, a primeira empresa brasileira, com a 74ª colocação no mundo, a Petrobrás, foi a empresa-alvo da operação Lava Jato e do golpe em geral.
Observe-se que das oito empresas brasileiras que constam da lista da Forbes três são estatais, na mira dos tubarões para serem privatizadas.
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