“É preciso o compromisso de todas nós: hoje a nossa casa está ardendo”. – diz Jane Fonda
Donatella Percivale – 27 mar 2020 – Imagem: Daqui
Tradução: Orlando Almeida
No começo Greta Thunberg. Era o dia 20 de agosto de 2018, quando uma loirinha sueca de 15 anos se sentou diante do prédio do Parlamento em Estocolmo para protestar contra a climate change.
Foi o começo de um protesto mundial que abalou profundamente os nervos de uma Velha Europa, indiferente à saúde do Planeta. Dois anos depois, Greta – com o Acordo Verde da UE exposto e aprovado na sua presença em Bruxelas – é apenas uma das muitas mulheres que lutam para salvaguardar o futuro do Planeta.
Junto com ela, uma patrulha de ativistas, cientistas, políticas, jornalistas, atrizes e top models que exigem em alta voz ações e intervenções imediatas. Mulheres fortes, sensíveis, comprometidas. Mulheres destinadas a construir novos modelos de diálogo, a sacudir consciências, a difundir todas juntas uma nova cultura da Terra. Eis aqui quem são elas.
Uma patrulha de ativistas, cientistas, políticas, jornalistas, atrizes e top models exige ações e intervenções imediatas para salvar o planeta. Da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à finlandesa Krista Johanna Mikkonen, da indiana Vandana Shiva e Rachida Bee a Gisele Bündchen
“Quero que a Europa se torne o primeiro continente com emissões zero até 2050”, declarou Ursula von der Leyen, a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Comissão Europeia. O esforço pedido pela ex-ministra da Defesa alemã, amicíssima de Angela Merkel, está resumido no roteiro imposto aos Estados da União que, embora com a lentidão da burocracia, assumiram o compromisso de transformar
“os problemas ambientais e climáticos em oportunidades, estimulando o uso eficiente dos recursos”.
Um toque muito feminino.
Lady Ursula não está sozinha: ao seu lado está Krista Johanna Mikkonen, ministra finlandês do Meio Ambiente defensora convicta da causa ambiental:
“As ações ambiciosas sobre o clima já não são uma opção, mas uma obrigação”,
disse ela no ano passado em Helsinque perante os ministros do Meio Ambiente e do Clima, vindos de toda a Europa.
O motor rosa de mudança e as prioridades: parar a economia baseada na exploração dos recursos, desencorajar a agricultura intensiva, combater a poluição, descontaminar a Terra
Ursula Von Der Leyen com Greta em Bruxelas na apresentação do Green Deal da UE
- Recolocar a Terra no centro,
- parar a economia baseada na exploração dos recursos,
- desincentivar a agricultura intensiva,
- combater a poluição.
Eis a lista de compras que está na bolsa das poderosas senhoras da Europa.
- Se os governos do Velho Mundo avançam na direção se tornarem uma sociedade climaticamente neutra dentro de poucas décadas,
- em outras partes do globo comunidades inteiras de mulheres se organizam para reivindicar a salubridade das áreas em que vivem.
Na Índia, por exemplo, Rashida Bee, Prêmio Goldman (o equivalente ao Prêmio Nobel para o Meio Ambiente), em 2004, é um ativista extremamente corajosa que sobreviveu à tragédia de Bophal.
- Na noite de 2 de dezembro de 1984, ocorreu um vazamento de uma nuvem de gases tóxicos da fábrica de pesticidas da Union Carbide Corporation,
- provocando 30 mil vítimas e o maior desastre químico da história.
Cinco anos depois,
- Rashida, junto com a ativista Champa Devi Shukla, liderou uma extraordinária marcha de protesto,
- criando efetivamente o primeiro sindicato feminino da Índia
- uma organização formada por mulheres extremamente pobres, exploradas e mal remuneradas (até hoje a área não foi descontaminada como mostra a reportagem de Arte.tv1).

Nos campos, as mulheres farão a diferença
Da Índia vem também Vandana Shiva, uma das figuras mais conhecidas na luta contra os organismos geneticamente modificados, nomeada em setembro passado pelo Ministro da Educação Lorenzo Fioramonti consultora do MIUR2 na área de educação escolar com forte marca ecologista.
- “Devolvamos às mulheres um papel central na agricultura – é o mantra da militante ambiental. –
- As mulheres podem e devem ser o motor da mudança,
- porque nos campos dos países em desenvolvimento cabe a elas preparar e transformar as sementes em alimentos”.
Filha de uma professora que se tornou camponesa após a sangrenta guerra entre a Índia e o Paquistão em 1947, Shiva considera a figura feminina como uma presença fundamental de ligação entre terra e consumo, como também sublinhou no seu discurso na Expo 2015 de Milão.
- Uma presença nos campos considerada estratégica não apenas nos países asiáticos:
- a tendência das novas empresas agrícolas administradas por mulheres também está aumentando na Itália.
- Segundo os dados da CIA (Confederação Italiana dos Agricultores) no nosso país foram registradas 200.000 empresas agrícolas dirigidas por mulheres,
- ao mesmo tempo em que o universo feminino representa agora 40% da força de trabalho na agricultura.
Wangari, que mandou plantar 30 milhões de árvores
E entre as mulheres comprometidas em dar um novo visual à face do planeta, é impossível ignorar a figura de Wangari Maathai, uma bióloga queniana falecida em 2011, a primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz em 2004 graças a “sua contribuição para a causa do desenvolvimento sustentável”.
Em 1976, Wangari deu início
- ao Green Belt Movement (Movimento Cinturão Verde),
- uma organização que combate o uso solo florestal, c
- om a proposta de envolver as mulheres africanas em projetos de plantio de árvores.
“Os nossos esforços não consistiram apenas em plantar, mas estavam voltados também para espalhar sementes de outro tipo: as sementes necessárias a curar as feridas infligidas às comunidades, às quais foram roubadas a sua auto-estima e autoconsciência”,
lê-se no seu livro La Religione della terra (A Religião da terra) .
Sob a liderança de Wangari,
- estima-se que até o ano 2000 foram plantadas mais de 30 milhões de árvores,
- com milhares de mulheres envolvidas no cuidado com as florestas e com os viveiros.

A ativista queniana Wangari Maathai recebe por telefone os parabéns pelo Prêmio Nobel
Melinda Gates e a alga spirulina
Na filosofia da “senhora das árvores” inspira-se também Melinda Gates,
- esposa do magnata americano Bill e co-presidente da Gates Foundation (a maior do mundo, entre as fundações privadas).
- Viajante apaixonada e rainha da caridade, a cara metade de Mr. Microsoft
- é a terceira, na lista das mulheres mais poderosas do mundo da Forbes, empenhada desde os anos 90 em projetos de emancipação e de igualdade das mulheres africanas.
A possibilidade de mudar a vida dos mais pobres do planeta
- tornou-a uma defensora convicta
- das vacinas, das redes mosquiteiras e dos sistemas de contracepção,
- bem como da alga spirulina, uma das formas de vida mais antigas da Terra e considerada o alimento do futuro graças ao alto teor de nutrientes.
Depois vem a nossa compatriota Astrosamantha, nome verdadeiro Samantha Cristofooretti, que, já em 2015, lançava, a partir da estação espacial, o seu apelo a combater o aquecimento global e que participou da transmissão ao vivo com outros 11 astronautas em 26 de março para falar sobre quarentena, alerta de vírus e proteção do Planeta.
Em nível organizacional, o Women’s Forum – de que é presidente honorária a atriz Kristin Scott Thomas – também
- promove a luta pela contenção das mudanças climáticas:
- organização internacional que desde 2005 promove a ascensão da mulher na sociedade
- e a sua presença nos centros de poder criou o Daring Circle (lit. Círculo da Ousadia)
- para comprometer todas as mulheres que contam na “promoção de estratégias para a mitigação das emissões poluentes”.

Quando a sustentabilidade se torna viral
- Se a proteção ambiental vem ganhando espaço e tingindo-se de rosa,
- também o devemos a uma patrulha de atrizes, modelos, escritoras e jornalistas, poderosas influencer dos tempos modernos
- que, graças ao uso inteligente das mídias sociais, conseguem amplificar bem as suas mensagens.
É o caso
- da top model brasileira Gisele Bündchen que é, desde 2009, embaixadora da boa vontade das Nações Unidas devido ao seu empenho na defesa da Floresta Amazônica;
- é também o caso de Cameron Russell, um ex-anjo da Victoria’s Secret e fundadora de Model Mafia, coletivo nova-iorquino que faz campanha para sensibilizar a indústria da moda a favor de uma maior sustentabilidade;
- de Naomi Klein, escritora e jornalista americana, que sustenta com convicção a necessidade de uma revolução radical capaz de mudar o sistema capitalista;
- de Jane Fonda que, apesar de seus 82 anos, declarou que está pronta para ser presa toda primeira sexta-feira do mês3, se isso servir para sustentar a luta pelo meio ambiente:
“Eu dirijo carros elétricos, como pouca carne e evito o plástico – disse a fundadora do movimento de protesto Fire Drill Friday (lit. Sexta-feira de treinamento para incêndio) – mas estou ciente de que sozinha nunca poderei mudar as coisas.
É preciso o compromisso de todas nós: hoje a nossa casa está ardendo”.
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NOTAS:
1 https://www.arte.tv/it/videos/090185-000-A/india-il-disastro-di-bhopal-35-anni-dopo/
2 MIUR – Ministero dell’Istruzione dell’ Università e della Ricerca [Ministério da Instrução da Universidade e da Pesquisa].
3 Jane Fonda passa seu aniversário em prisão nos Estados Unidos
https://claudia.abril.com.br/famosos/jane-fonda-passa-seu-aniversario-em-prisao-nos-estados-unidos-entenda/
Donatella Percivale
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