Redação de “Il Sismografo”, 16/01/2020
Sabe-se que o Santo Padre prepara há várias semanas o texto, muito avançado na sua redação definitiva, da Exortação Apostólica pós-sinodal anunciada no final do recente Sínodo dos Bispos dedicado à Amazónia e que provavelmente será publicada no início de fevereiro.
Também se sabe que uma parte substancial da assembleia sinodal
- se concentrou na proposta de compensar a falta de sacerdotes nas dioceses dos nove países sul-americanos da Amazónia,
- autorizando, com regulamentação processual precisa, a ordenação de diáconos casados.
A proposta em questão, a n.º 111 do documento final, foi aprovada com 128 votos a favor e 41 contra. Deve-se lembrar que a maioria qualificada de dois terços era de 123 votos do total de participantes com direito a voto (184).
Segue aqui o parágrafo citado (dividido por Il Sismografo com subtítulos que não existem no original):
Dificuldade de acesso à Eucaristia
«Muitas das comunidades eclesiais do território amazónico têm enormes dificuldades de acesso à Eucaristia. Às vezes, passam não apenas meses, mas vários anos para que um sacerdote possa regressar a uma comunidade para celebrar a Eucaristia, oferecer o sacramento da reconciliação ou ungir os doentes na comunidade.»
O dom do celibato e as vocações
«Apreciamos o celibato como dom de Deus (SacerdotalisCaelibatus, 1) na medida em que este dom permite ao discípulo missionário, ordenado ao presbiterado, dedicar-se plenamente ao serviço do Povo Santo de Deus. Estimula a caridade pastoral e rezamos para que haja muitas vocações que vivam o sacerdócio celibatário.»
Ordem sacerdotal e disciplina do celibato
«Sabemos que essa disciplina
- “não é exigida pela própria natureza do sacerdócio” (Presbyterorum ordinis, 16),
- embora tenha muitas razões de conveniência.
Na sua encíclica sobre o celibato sacerdotal, São Paulo VI manteve esta lei e expôs as motivações teológicas, espirituais e pastorais que a sustentam. Em 1992, a exortação pós-sinodal de São João Paulo II sobre a formação sacerdotal confirmou esta tradição na Igreja latina (Pastores dabo vobis, 29).»
Ordenar sacerdotes homens idóneos e reconhecidos pela comunidade
«Considerando que a legítima diversidade
- não prejudica a comunhão e a unidade da Igreja,
- mas a manifesta e serve (Lumen Gentium 13; Orientalium ecclesiarium, 6)
- o que atesta a pluralidade dos ritos e disciplinas existentes,
propomos
- estabelecer critérios e disposições por parte da autoridade competente, no âmbito da Lumen Gentium 26,
- para ordenar sacerdotes a homens idóneos e reconhecidos pela comunidade,
- que tenham um diaconado permanente fecundo
- e recebam uma formação adequada para o presbiterado,
podendo ter uma família legitimamente constituída e estável, para sustentar a vida da comunidade cristã mediante a pregação da Palavra e a celebração dos Sacramentos nas áreas mais remotas da região amazónica. A este respeito, alguns manifestaram-se a favor de uma abordagem universal da questão.»
Documento final do Sínodo da Amazônia. Imagem:Daqui
O Papa não ignorará consenso
- As análises, considerações e conclusões da maioria dos padres sinodais
- são, portanto, transparentes e precisas, como foi ilustrado.
Como poderia ignorar o Papa Francisco, que programou este Sínodo justamente para ouvir a opinião dos padres sínodos, uma posição que contou com o apoio de uma maioria qualificada inclusive superior ao exigido pelo regulamento?
De numerosas fontes próximas ao dossier, resulta que o Papa Francisco, na sua Exortação,
- autorizará essas ordenações, exatamente como se lê no parágrafo 111,
- sabendo que há uma fatia da hierarquia e do Povo de Deus que se opõe e não partilha da escolha.
É uma minoria respeitável, mas ainda assim um setor minoritário da Igreja. Com brandura e simpatia, o próprio pontífice lembrou isso, de acordo com o que Eugenio Scalfari, do jornal La Reppublica, relatou sem ser desmentido.
Francisco também está ciente de que
- o argumento é usado e será usado novamente para criar divisões e tensões dentro da Igreja,
- assim como foram usados outros temas.
Essa já se tornou a estratégia dos múltiplos oponentes do pontificado, ou seja, uma miríade de pequenos grupos e formadores de opinião, divididos entre si, que utilizam a única arma de que podem dispor facilmente: as campanhas mediáticas, organizadas com a qualidade permitida pela generosa disponibilidade dos financiadores.
O último exemplo é o famigerado livro do cardeal Robert Sarah, com o contributo do bispo emérito de Roma, inflacionado na França com adicional habilidade editorial e jornalística.
Certamente, no entanto,
- não será todo esse periódico estardalhaço mediático a parar o Papa Francisco e a maioria do Povo de Deus
- que querem percorrer esse caminho sem se deixar intimidar,
- mesmo quando, como nos últimos dias, se quis – mentindo –
- fazer passar uma matéria disciplinar como um caso doutrinário.
Redação de “Il Sismografo”
Fonte: https://ilsismografo.blogspot.com/2020/01/vaticano-e-certo-che-nellesortazione.html
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