
Frei Betto, 14/08/2019
Foto: Contra as versões falsificadas de Francisco, o Papa dos Pobres (Foto: REUTERS/Filippo Monteforte/Pool)
O papa Francisco promoverá em Assis, Itália, de 26 a 28 de março de 2020, encontro mundial para repensar a economia global.
Serão convidados jovens economistas de até 35 anos, empresários e militantes de movimentos comprometidos com mudanças sociais.
Segundo Francisco, há que buscar
“uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da Criação e não a depreda. Um evento que nos ajude a estar juntos e nos conhecer, e que nos leve a fazer um ‘pacto’ para mudar a atual economia e dar uma alma à economia do amanhã.”
Na encíclica Laudato si’ , Francisco escreveu:
“Enfatizei como hoje, mais do que nunca, tudo está intimamente conectado, e a salvaguarda do ambiente não pode ser separada da justiça para com os pobres e da solução dos problemas estruturais da economia mundial. É necessário, portanto, corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente, o acolhimento da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores e os direitos das futuras gerações.”
Francisco afirmou ainda na convocação:
“Caríssimos jovens, sei que vocês são capazes de escutar com o coração os gritos cada vez mais angustiados da Terra e de seus pobres em busca de ajuda e de responsabilidade, ou seja, alguém que responda e não se vire para o outro lado.”
Assis, terra de São Francisco, pioneiro na crítica ao capitalismo nascente e aliado aos mais pobres, é a cidade mais adequada para celebrar este evento, porque durante séculos foi “o símbolo e a mensagem de um humanismo de fraternidade”, diz o papa.
- João Paulo II a escolheu como ícone de uma cultura de paz,
- e Francisco a considera um lugar que inspira uma nova economia.
Para o líder católico, é necessário
“corrigir os modelos de crescimento incapazes de garantir
- o respeito pelo meio ambiente,
- a aceitação da vida,
- o cuidado da família,
- a equidade social,
- a dignidade dos trabalhadores
- e os direitos das gerações futuras.”
Em Assis, haverá oficinas, eventos artísticos e plenárias com
- renomados economistas,
- especialistas em desenvolvimento sustentável ,
- empresários hoje engajados na busca de uma economia alternativa à do capitalismo neoliberal
- que aprofunda a desigualdade social e a devastação ambiental.
Já confirmaram presença os prêmios Nobel Muhammad Yunus, conhecido como “o banqueiro dos pobres”, e Amartya Sen, professor de filosofia e economia em Harvard (EUA) e Cambridge (Reino Unido).
- Bruno Frey , economista suíço;
- o músico e escritor brasileiro Tony Belotto;
- Carlo Petrini, italiano fundador do Slow Food ;
- Kate Raworth, economista inglesa;
- Jeffrey Sachs, economista estadunidense interessado nas causas da pobreza;
- a indiana Vandana Shiva, diretora do Fórum Internacional sobre Globalização;
- e Stefano Zamagni, economista italiano.
Não se trata de um evento no qual poucos falam e muitos escutam. O objetivo
- é promover intercâmbios entre teoria e prática,
- de modo a elaborar uma proposta alternativa à economia hegemônica que gera exclusão social.
Francisco espera que o encontro trace as linhas gerais de uma economia justa, sustentável e inclusiva. Grupos de trabalho já se reúnem em vários países, inclusive no Brasil.
Entre os inscritos selecionados, 500 jovens serão convidados ao pré-evento programado para 24 e 25 de março de 2020, em Assis.
- O atual modelo econômico vigente na maioria das nações fracassou para 2/3 da humanidade.
- Segundo Yuval Noah Harari, em 21 lições para o século 21 , “hoje, o 1% mais rico é dono de metade da riqueza do mundo.
- Ainda mais alarmante, as 100 pessoas mais ricas possuem, juntas, mais do que as 4 bilhões mais pobres”(p.104).
Frei Betto
Teólogo, assessor das Cebs e de Movimentos Sociais, escritor
Fonte: https://www.brasil247.com/blog/a-economia-de-francisco
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