– Cidade do Vaticano – 25/10/2019 – Foto: Vatican News – Tradução: Orlando Almeida
Participaram do costumeiro briefing do Sínodo, na Sala de Imprensa da Santa Sé,
- o cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação para o Clero,
- Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará (Brasil),
- Eleazar López Hernández, sacerdote católico indígena pertencente ao povo zapoteca (México),
- a irmã Mariluce dos Santos Mesquita, religiosa da etnia Barassana (Brasil)
- e Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca (Peru)
No centro está Jesus Cristo. Jesus nos une. . (Clique e ouça). Têm a força de um apelo urgente e a intensidade de uma súplica as palavras proferidas pelo representante de um povo indígena durante a conferência de imprensa. Proferiu-o Delio Siticonatzi Camaiteri, um indígena do povo Ashaninca, um grupo étnico da Amazônia peruana. Respondeu assim à pergunta de um jornalista sobre a proposta, que surgiu durante os trabalhos do Sínodo, de um rito específico para a Amazônia:
“Vejo que vocês estão um pouco inquietos, como se não fossem capazes de entender do que a Amazônia precisa. Temos nossa visão do cosmos, nossa maneira de ver o mundo que nos rodeia. A natureza aproxima- nos mais de Deus. Aproxima-nos olhar o rosto de Deus na nossa cultura, no nosso viver. Nós, como indígenas, vivemos a harmonia com todos os seres vivos.
Vejo que não é clara a ideia que vocês têm de nós indígenas. Vejo que vocês estão preocupados, com dúvidas sobre esta realidade que nós buscamos como indígenas. Não endureçam o vosso coração, vocês devem abrandar o vosso coração. É este o convite de Jesus. Ele nos convida a viver juntos. Cremos em um só Deus. Devemos permanecer unidos.
É isso que desjamos como indígenas. Temos os nossos ritos, mas este rito deve ter como base o centro que é Jesus Cristo. Não há mais nada a discutir sobre este tema. O centro que nos une neste Sínodo é Jesus Cristo. (Delio Siticonatzi Camaiteri, membro do povo Ashaninca) “
Para os povos indígenas, o Sínodo é uma esperança
Delio Siticonatzi Camaiteri também explicou que o Sínodo é uma esperança para os indígenas. A Amazônia, disse ele, é uma realidade imensa “que sofre e grita porque não soubemos valorizá-la”. Colocamos as nossas esperanças no Sínodo porque, até agora, acrescentou ele, nós não fomos ouvidos. “Matam-nos – explicou – porque pensam que não temos direitos”.
Este Sínodo, sublinhou Delio Siticonatzi Camaiteri, consagra a abertura de um espaço de diálogo e de encontro para defender a Amazônia. Um espaço não apenas para a Amazônia, mas para o mundo inteiro.
Um caminho seguindo a trilha do discernimento
Respondendo a uma pergunta sobre expectativas ligadas ao Sínodo, Mons. Alberto Taveira Corrêa , arcebispo de Belém do Pará, Brasil, disse:
“Não estamos aqui como se houvesse uma lista de desejos ou de decisões que devem ser tomadas de acordo com o que eu ou outras pessoas possam desejar”.
Estamos aqui para fazer uma caminhada juntos e procuramos colocá-la nas mãos do Santo Padre. “Estou muito confiante, tenho grandes esperanças”.
O celibato é um dom
O cardeal Beniamino Stella (ao centro)
“O celibato é a grande beleza da vida de um sacerdote, mas deve ser cultivado, porque é um tesouro que cultivamos em vasos de barro”.
O cardeal Beniamino Stella , prefeito da Congregação para o Clero, usou estas palavras para descrever aos jornalistas o dom do celibato. É um
“dom de Deus, que deve ser acolhido”.
“A Igreja – lembrou – permaneceu como a única instituição que prega um compromisso para sempre: a vida consagrada para os padres, e o matrimônio”.
“O dom do celibato – sublinhou o cardeal – representa hoje, para os jovens e também para os padres, um grande desafio pessoal”.
Rito amazônico
O prefeito da Congregação para o clero também respondeu a uma pergunta relacionada à proposta de um rito amazônico:
“É natural – disse ele – que esta iniciativa venha do Sínodo: os povos amazônicos sentem a necessidade de se comunicar com a sua língua, os seus símbolos e a sua ritualidade local. A Amazônia é uma realidade multiétnica e multilíngue, composta por centenas de etnias e centenas de idiomas. Há uma expectativa nesta matéria e também uma necessidade concreta: veremos o que o Sínodo dirá”.
Fé e inculturação
“Queremos expressar a nossa fé na nossa cultura e no nosso idioma”, explicou Eleazar López Hernández , um padre católico indígena pertencente ao povo zapoteca (México).
“A Igreja – afirmou – precisa gerar rostos específicos nos quais chegue uma proposta cristã”.
O tema da espiritualidade indígena esteve também no centro da intervenção da irmã Mariluce dos Santos Mesquita, religiosa pertencente à etnia Barassana (Brasil):
“O Papa Francisco está ouvindo e propondo que se reconheça, que se aprofunde mais a espiritualidade indígena, interagindo com as Palavra de Deus, que já pregamos”.
Amedeo Lomonaco
https://www.vaticannews.va/it/vaticano/news/2019-10/sinodo-briefing-appello-indigeno-gesu-centro
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