Luis Miguel Modino– 14/10/2019 – Imagem:Daqui
O sínodo é caminhar juntos, também com aqueles que pensam diferente, mas que têm a mesma fé.
O depoimento é de Luis Miguel Modino.
Podemos dizer, como diferentes vozes reconhecem, que a primeira coisa que pode ser destacada nestes primeiros dias é um sentimento de profunda unidade, verificado pelos padres sinodais, auditores e peritos, uma unidade que conduz a uma experiência de comunhão, que nos leva a afirmar que, depois de uma semana, o Sínodo da Amazônia está no caminho certo.
A grande maioria
- destaca a atmosfera de liberdade que é respirada na sala sinodal,
- o que leva a realizar o desejo do Papa no discurso inaugural de falar com liberdade e parresia,
ao qual acrescentou que se falasse
- desde a experiência,
- desde a verdade
- e com ousadia,
o que ninguém pode negar que está acontecendo.
Uma coisa que
- surpreendeu agradavelmente muitos
- e causou a ira dos mesmos de sempre, aqueles que são contra Francisco, independente do que ele fizer ou dizer,
- é que estão sendo tocadas as questões que antes do Sínodo foram apresentadas como complexas, para alguns como tabu,
- com absoluta tranquilidade.
Está em discussão a ministerialidade, especificamente o que se refere a homens casados e mulheres. De fato, entre aqueles que fazem parte da aula sinodal, algumas informações indicam que há uma genuína abertura para explorar esses processos.
Um aspecto importante é que
- a periferia atingiu o centro
- e causou alguma colisão.
O centro não está acostumado a essa realidade periférica,
- portanto, algumas características do centro,
- diante desse processo sinodal e essa experiência periférica, que são esmagadoras,
- demonstradas pelo grande número de depoimentos,
- estão sendo questionadas.
Uma das leituras que podem ser feitas é que
- alguns dos que estão instalados no centro podem se sentir um pouco inseguros
- quanto aos ritmos em que isso poderia acontecer.
Foto: REPAM
Em frente a esses habitantes do centro,
- o Papa está localizado sempre mais perto da periferia,
- e podemos dizer que tem mostrado uma presença absoluta de conexão, escuta ativa,
- manifestada mesmo em alguns momentos de aplausos, muito presentes diante de algumas intervenções,
- especialmente aquelas nascidas da vida amazônica concreta e não de um discurso teórico feito desde longe.
Um dos que interveio na sala de aula sinodal é Mauricio López, secretário executivo da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, que resumiu suas palavras afirmando que
- “no processo, o que está por trás, o que não é dito e o que está subjacente em toda dinâmica social,
- é uma tensão entre a disciplina doutrinária e o crescente sensus fidei do povo de Deus. ”
Nesse sentido, alguém que conhece todo o processo sinodal perfeitamente, reconhece que
- “o que está em jogo é como a periferia, em seu discernimento,
- de alguma forma ajuda que a mesma estrutura possa ser transformada e executada de maneira responsável e respeitosa,
- mas onde a primazia é levada pelo sentimento do povo de Deus”.
Para o auditor sinodal,
- “isso é absolutamente sem precedentes neste Sínodo”,
- que tem sua causa “na escuta sinodal que foi dada”,
- uma opinião com a qual muitos dos que fazem parte da assembleia sinodal concordam,
- que afirmam que se percebe que os participantes têm um ótimo conhecimento do que está sendo tratado.
Podemos afirmar que
- o Sínodo da Amazônia tem sido um processo muito trabalhado por muitas pessoas durante muitas horas,
- o que gera certa esperança de que o objetivo possa ser alcançado,
- novos caminhos para a Igreja e uma ecologia integral.
Neste Sínodo para a Amazônia
“não prevalece o depósito da fé, mas a origem do espírito de Deus que produz a fé”, segundo Mauricio López, para quem “se o depósito não for adequado à estrutura, precisamos procurar novas”.
Ele se refere à citação do Evangelho, afirmando que “o vinho velho em odres velhos é muito auspicioso, ele nos dá o melhor vinho, mas o vinho novo precisa de odres novos”.
Luis Miguel Modino
Missionario na Amazônia brasileira, jornaliosta
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