O Brasil merece ter depressa um presidente que se comporte à altura do cargo (Macron)
Em resposta a uma entrevista da Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, Jair Bolsonaro fez o mais odioso de seus ataques até hoje: elogiou a tortura e morte do pai de Bachelet pelo regime sanguinário de Augusto Pinochet, afirmou que o Chile “só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973” e disse que a ex-presidente está “seguindo a linha” do presidente da França, Emmanuel Macron, tentando se “intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira” ao falar de direitos humanos.
“Michelle Bachelet, Comissária dos Direitos Humanos da ONU, seguindo a linha do Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”,
escreveu Bolsonaro em seu perfil no Facebook. Junto com o post, Bolsonaro publicou uma foto em que Bachelet aparece ao lado da ex-presidente deposta Dilma Rousseff e da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, em sua segunda cerimônia de posse como presidente do Chile (2006-2018).
No outro trecho da postagem Bolsonaro defendeu a tortura e morte do brigadeiro Alberto Bachelet, pai da Alta Comissária da ONU, por membro da ditadura militar chilena.
“Diz [referindo-se a Bachelet} ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”,
escreveu. A menção faz data do golpe de Estado no Chile que levou Augusto Pinochet ao poder, em 11 de setembro de 1973.
- Acusado de “traição”,
- Alberto faleceu em 12 de março de 1974
- em decorrência das torturas a que foi submetido no Cárcere Público de Santiago.
O ataque contra a Alta Comissária da ONU veio na esteira da afirmação feita por ela de que o espaço democrático no Brasil está encolhendo no governo Jair Bolsonaro e que isto tem sido evidenciado com os ataques diretos contra
- defensores de direitos humanos,
- instituições de ensino e pesquisa
- e na restrição e criminalização de trabalhos e instituições da sociedade civil, o que inclui as ONGs.
O ataque brutal a Bachelet foi feito às vésperas da primeira viagem de Bolsonaro para participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Na reta final da campanha feita pelo governo brasileiro para conseguir mais um mandato como membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o ataque pode decretar a exclusão do país do fórum.
Confira a postagem em que Jair Bolsonaro ataca pai de Bachelet:
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Mas os Brasileiros não acordam.