Em outra entrevista, em 2015, para o apresentador João Kleber, na Rede TV, defendeu o ditador, afirmando “que ele fez o que deveria ter sido feito”.
Para além disso, em 2006, manifestou solidariedade a Augusto Pinochet Molina, pelo seu afastamento do exército, devido a um pronunciamento no velório do seu avô, o ex-presidente.
“Minha solidariedade e admiração por sua dignidade ao não se curvar às mentiras da esquerda e honrar o nome do avô […] o elevado índice de desenvolvimento humano ora desfrutado pelos irmãos chilenos em muito se deve às ações desenvolvidas no governo do saudoso general Pinochet”,
escreveu em um telegrama, que o ministério das Relações Exteriores do Brasil não entregou.
Tamanha admiração já havia sido reconhecida quando
- José Antônio Kast, político chileno, apontado como “neopinochetista”,
- veio ao Brasil para ajudar na campanha presidencial e aprender com Bolsonaro como a extrema direita pode vencer na América Latina.
No final de 2018,
- Eduardo Bolsonaro foi ao Chile para conhecer o sistema previdenciário por capitalização implantado por Pinochet
- – que reflete hoje no empobrecimento de idosos, pois 80% das aposentadorias estão abaixo de um salário mínimo –,
- retribuiu a visita a Kast e declarou que o governo de seu pai quer fazer do Brasil “o próximo Chile”.
Na tarde de quinta-feira,
- o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em entrevista à Gaúcha ZH
- reforçou a necessidade de aplicar no Brasil as mesmas bases macroeconômicas de Pinochet,
- porém destacando que a violência na época foi um fator necessário.
“No período de Pinochet, o Chile teve de dar um banho de sangue. Triste, o sangue lavou as ruas do Chile, mas as bases macroeconômicas fixadas naquele governo… já passaram oito governos de esquerda e nenhum mexeu nas bases macroeconômicas colocadas no Chile no governo Pinochet”, afirmou o ministro.
Chegada a vez de Jair Bolsonaro viajar ao país, que como um presente de aniversário a si próprio, como quem faz ode à ditadura, como adolescentes fazem à Disney, aterrissou na quinta-feira, 21-03, em Santiago.

Jair Bolsonaro chegou quinta-feira, 21-03, ao Chile. Foto: Marcos Corrêa | Presidência da República
A visita trouxe expectativa na prisão de Punta Peuco, onde militares do regime Pinochet estão presos por violação de direitos humanos.
Segundo a agência CNN Chile, o advogado Raúl Meza Rodríguez ficou encarregado de entregar a Bolsonaro uma carta escrita à mão pelos seus clientes detentos.
Na carta, os militares pedem que seja feita uma visita para que o colega militar brasileiro conheça a condição em que se encontram. De acordo com a CNN Chile, a carta faz referência às saudações de Bolsonaro ao regime pinochetista.
Punta Peuco é uma prisão para ex-militares condenados pelos crimes contra a humanidade, porém contestada pelas suas instalações “luxuosas” para um prédio carcerário. Entre os detentos estão cúmplices do regime, torturadores e assassinos do Estado. Mais de 100 militares já foram condenados e presos.
Entretanto, a contemplação pela visita não foi unânime. Líderes da oposição,
- como o presidente da Câmara dos Deputados Iván Flores
- e a mesa-diretora do Senado liderada por Jaime Quintana e Alfonso de Urresti,
- anunciaram que não participarão do almoço agendado pelo presidente Sebastián Piñera.
Outros sete deputados da oposição
- apresentaram um projeto de resolução que pede a Piñera
- que declare Jair Bolsonaro como “persona non-grata” no Chile.
O texto menciona que o projeto se fundamenta
- “na defesa da democracia,
- dos direitos humanos,
- do direitos das mulheres,
- da comunidade LGBTI
- e dos povos originários […]
pois nos parece preocupante a visita de um presidente
- que defenda a proliferação dos discursos de ódio
- e que avalize as violações de direitos humanos”.
Wagner Fernandes de Azevedo
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