O Globo e agências internacionais – 04/02/2019
Foto: Líder opositor venezuelano, Juan Guaidó cumprimenta multidão durante protesto contra Nicolás Maduro em Caracas / Andres Martinez Casare / Reuters
MADRI — Encerrado neste domingo o ultimato dado por países europeus para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, admitir a organização de novas eleições presidenciais no país, 13 dos 28 Estados-membros da União Europeia reconheceram, nesta segunda-feira, o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
A Espanha foi o primeiro país a oficializar o apoio ao líder da Assembleia Nacional venezuelana, seguido por Reino Unido, Suécia, Dinamarca, França, Áustria, Alemanha, Portugal, Polônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e República Tcheca.
“Reconheço Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela com um horizonte claro: a convocação de eleições livres, democráticas, com garantias e sem exclusões”,
anunciou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no Twitter.
“O governo da Espanha impulsionará o Grupo de Contato Internacional criado pela UE para acompanhar a Venezuela na convocação de eleições livres e democráticas”,
completou ele, referindo-se ao grupo formado na última quinta-feira pelo bloco e que se reunirá pela primeira vez na quinta-feira, no Uruguai.
“Maduro não convocou eleições presidenciais no prazo de 8 dias que fixamos. Assim, o Reino Unido, junto a seus aliados europeus, reconhece agora Juan Guaidó como presidente constitucional interino até que se possa celebrar eleições críveis”, escreveu Hunt no Twitter.
O Ministério de Relações Exteriores da Dinamarca também confirmou apoio ao opositor “até novas e livres eleições democráticas” no país sul-americano.
O chanceler austríaco, o conservador Sebastian Kurz, ressaltou que Guaidó “conta com o pleno apoio” do país para restabelecer a democracia na Venezuela, que, segundo ele,
“sofre há tempos demais com a má gestão socialista e a ausência de Estado de direito”.
O porta-voz do governo alemão anunciou apoio a Guaidó. A chanceler alemã, Angela Merkel, está em viagem ao Japão, que emitiu nota de apelo por solução “estável e democrática” na Venezuela.
“Para nós, Guaidó está em sintonia com a constituição do presidente de transição da Venezuela para organizar eleições presidenciais livres, justas e democráticas. Nossa preocupação continua sendo para o povo da Venezuela que sofre com a dramática situação. A Alemanha fornecerá cinco milhões de euros em ajuda humanitária à Venezuela assim que o ambiente político permitir”,
escreveu o ministro das Relações Exteriores de Berlim, Heiko Maas, no Twitter.
O chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, destacou nesta segunda-feira que a França consultaria outros países europeus sobre o reconhecimento de Guaidó como presidente interino da Venezuela, mas logo destacou que o líder opositor tinha “capacidade e legitimidade” para organizar um novo pleito na Venezuela. Na sequência, o presidente francês, Emmanuel Macron, oficializou o apoio a Guaidó no Twitter.
“Os venezuelanos têm direito de se expressar livremente e democraticamente. A França reconhece Juan Guaidó como ‘presidente encarregado’ para implementar um processo eleitoral. Apoiamos o grupo de contato, criado com a União Europeia, neste período de transição”, escreveu Macron no Twitter.
No domingo, dia em que se encerrou o prazo do ultimato europeu, a União Europeia anunciou que
- será coanfitriã , ao lado do Uruguai
- de uma reunião do grupo de contato criado na última quinta-feira pelo bloco para buscar resolver a crise da Venezuela por meio de eleições livres.
Estarão presentes ainda chanceleres da Bolívia, da Costa Rica e do Equador na reunião desta quinta-feira, 7 de fevereiro, em Montevidéu. O anúncio da reunião
- expôs a divergência de tom do bloco em relação à abordagem dos Estados Unidos,
- que rejeita qualquer negociação com Maduro.
Neste domingo, o presidente americano, Donald Trump, reconheceu que uma intervenção militar “é uma opção” para a crise.
Rússia critica ‘interferência’ europeia
Além da Espanha, Reino Unido e França, Alemanha, Portugal e Holanda haviam exigido que Maduro aceitasse novas eleições presidenciais até o domingo — caso contrário, reconheceriam a autoridade do opositor. A Áustria se uniu ao grupo neste domingo.
Em entrevista à rede espanhola La Sexta, o líder bolivariano rechaçou o ultimato europeu e prometeu “não dar o braço a torcer por covardia”.
— Por que a União Europeia tem que dizer a um país do mundo que já fez eleições que tem que repetir suas eleições presidenciais porque não ganharam seus aliados de direita? — questionou Maduro, entrevistado em Caracas pelo jornalista Jordi Évole.
- Maduro omou posse em 10 de fevereiro para um segundo mandato presidencial,após ser reeleito em eleições
- marcadas por denúncias de fraude, boicote da oposição e abstenção de 54%.
Mais de 40 países, incluindo a União Europeia em bloco, questionaram a legitimidade do pleito.
Diante da onda de apoio na Europa a Guaidó,
- a Rússia denunciou a “interferência” dos países do continente nos assuntos internos da Venezuela.
- Moscou é um dos principais aliados e credores do regime de Maduro.
— Percebemos as tentativas de legitimar a usurpação do poder como uma interferência direta e indireta nos assuntos internos da Venezuela — declarou a jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.
Durante a entrevista à La Sexta, Maduro enviou uma mensagem a Guaidó.
— Que abandone a estratégia golpista. Se quer conseguir algo, sente-se em uma mesa de negociação cara a cara — desafiou o presidente.
Guaidó, de 35 anos, já apontou que
- não se engajará em diálogos “falsos”
- que deem oxigênio ao governo e lhe permitam ganhar tempo.
O líder opositor diz que os venezuelanos continuarão nas ruas “até que cesse a usurpação”de poder de Maduro. No sábado, ele convocou uma nova manifestação para o dia 12 de fevereiro, terça-feira da próxima semana.
O Globo e agências internacionais
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