
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 25-01-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
A abertura iniciou com um “banho de povo” para Jorge Mario Bergoglio, que percorreu vários caminhos a bordo do papa-móvel. Já no cenário central, lhe foram apresentados os símbolos oficiais da JMJ e ele saudou os jovens dos cinco continentes. Escutou a saudação de boas-vindas do arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, antes de assistir a uma série de canções, vídeos e apresentações de vários tipos.
Cada mensagem dos apresentadores foi repetida em quatro idiomas: espanhol, português, inglês e italiano. A multidão explodiu ao escutar as primeiras palavras do líder católico: “Queridos jovens, boa tarde! Que bom voltar a nos encontrar e fazer isso nesta terra que nos recebe com tanta cor e calor!”.
Imediatamente depois disso, assegurou que a Jornada pretende lhes dizer
- que não tenham medo,
- que sigam adiante com sua energia renovadora que mobiliza
- e se animem constantemente a caminhar, anunciando Deus no serviço concreto aos demais; “um serviço de verdade, não de faz de conta”.
Francisco na esplanada da catedral Santa Maria la Antigua/Vaticannews
Ao longo de seu discurso e em numerosas ocasiões, improvisou acrescentando frases ao texto preparado. Dedicou uma saudação especial
- aos jovens indígenas, “os primeiros a caminhar pela América”,
- assim como aos jovens descendentes de etnias africanas.
Reconheceu o esforço e o sacrifício realizado por todos para chegar até o Panamá, mas advertiu que
- o discípulo não é só quem chega a um lugar,
- mas aquele que não tem medo de se arriscar e se pôr a caminho.
- “Estar a caminho é a maior alegria do discípulo; vocês não tiveram medo de caminhar e hoje podemos ‘estar a rumo’, porque este rumo começou já há muito tempo em cada comunidade”, acrescentou.
Mais adiante constatou que
- os presentes provêm de culturas e povos diferentes,
- mas nada lhes impediu de se encontrar e se sentir felizes de estar juntos, porque nenhuma diferença os paralisou.
- Foi preciso que, com seus gestos e atitudes, com seus olhares, seus desejos e especialmente com sua sensibilidade desmentissem e desautorizassem todos esses discursos que se concentram e se empenham em semear divisão: “discursos que se empenham em excluir ou expulsar os que não são como nós”,disse.
Então, fez um exercício que depois voltou a fazer várias vezes: pediu à multidão que repetisse com ele uma frase: “o amor verdadeiro não anula as legítimas diferenças, mas as harmoniza em uma unidade superior”. Nesse momento afirmou que o autor dessa oração foi o Papa Bento XVI e pediu a todos que o aplaudissem, porque ele iria escutar, já que estava acompanhando o evento “através da televisão”.
O Papa continuou:
“Pelo contrário, sabemos que
- o pai da mentira, o demônio, prefere um povo dividido e brigado,
- ele é o mestre da divisão,
- e tem medo de um povo que aprende a trabalhar junto.
E este é um critério para identificar as pessoas: os construtores de pontes e os de muros, esses construtores de muros que…”.
Daí disparou:
- “Quem vocês querem ser? Construtores de pontes ou de muros?”.
- Todos responderam: “De pontes”.
“Vocês nos ensinam que se encontrar
- não significa imitar,
- nem pensar todo mundo a mesma coisa
- ou viver todos iguais, fazendo e repetindo as mesmas coisas; isso são os papagaios que fazem.
Encontrar-se
- é se animar com outra coisa,
- é a cultura do encontro,
- que é um chamado e convite a se atrever em manter vivo um sonho em comum.
Sim, um sonho grande e capaz de envolver a todos. Vamos brincar de ter um sonho em comum, isso não nos anula, nos enriquece”, acrescentou.
Esse sonho, continuou, se chama Jesus e ficou plasmado com suas palavras:
“Amem-se uns aos outros. Assim como eu os amei, amem-se vocês também. Nisso todos reconhecerão que vocês são meus discípulos”.
Lembrou, então, as afirmações de Óscar Arnulfo Romero, santo salvadorenho:
- “o cristianismo não é um conjunto de verdades em que se deve acreditar, de leis a serem cumpridas, ou de proibições. Assim o cristianismo seria muito repugnante.
- O cristianismo é uma pessoa que me amou tanto, que reclama e pede meu amor. O cristianismo é Cristo”.
E pediu a todos para repetirem várias vezes com ele: “o cristianismo é Cristo”.
Seu amor, sustentou Francisco,
- é um amor que não “trapaça”, nem esmaga,
- um amor que não marginaliza, nem cala,
- um amor que não humilha, nem escraviza;
é o amor de todos os dias,
- discreto e respeitoso,
- amor de liberdade e para a liberdade,
- amor que cura e levanta,
que sabe
- mais de erguidas do que de quedas,
- de reconciliação do que de proibição,
- de dar nova oportunidade do que de condenar,
- de futuro do que de passado;
é o amor silencioso da mão estendida no serviço e na entrega, é o amor que não se exibe, é um amor humilde que dá a mão a todos.
“Pergunto: Acreditas neste amor? Pergunto outra coisa: É um amor que vale a pena? Não tenham medo de amar, não tenham medo desse amor concreto, desse amor que é serviço e consome a vida”, continuou.
Já indo para o final, Bergoglio garantiu que o mais esperançoso da Jornada Mundial da Juventude
- não será um documento final,
- uma carta consensual
- ou um programa a ser executado,
- mas os rostos de seus participantes.
“Cada um voltará para casa com a força nova que se gera a cada vez que nos encontramos com os outros e com o Senhor, cheios do Espírito Santo para recordar e manter vivo esse sonho que nos une e que estamos convidados a não deixar que se congele no coração do mundo: ali onde nos encontrarmos, fazendo o que estivermos fazendo, sempre poderemos erguer os olhos e dizer: Senhor, ensina-me a amar como tu nos amaste – se animam a repetir comigo? – Senhor, ensina-me a amar como tu nos amaste”, declarou.
Domenico Agasso
Fontes:http://www.ihu.unisinos.br/586322-papa-abre-a-jmj-nao-buscamos-uma-igreja-cool-ou-decorativa
http://www.alfayomega.es/175823/el-papa-abre-la-jmj-no-buscamos-una-iglesia-cool-o-decorativa
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