
Eis o artigo.
Eleição é escolha. Quem participa de algum partido tem o poder de escolher quem se candidatará por aquele partido.
Já ao simples eleitor ou eleitora só cabe escolher dentre os nomes oferecidos pelos diferentes partidos. E no segundo turno, a escolha reduz-se a duas pessoas.
É quase impossível, numa situação dessas, que um dos candidatos corresponda exatamente àquilo que o eleitor deseja para o país.
Mas
- se não existe voto perfeito,
- o certo é que voto nulo nada traz de bom.
Trata-se é de votar criteriosamente. Um dos critérios – não necessariamente o melhor – são os valores cristãos. De fato, eles podem nortear a escolha.
Mas, o que são valores cristãos?
Teoricamente, é fácil responder:
- são os valores decorrentes do Evangelho de Jesus de Nazaré.
- Mas são tão diferentes as interpretações do Evangelho, que ele perde força como referência última.
O caminho prático, então, é seguir a interpretação autorizada pela Igreja a que pertencemos. No caso de quem assina este artigo, essa autoridade é a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.
No dia 11 de outro, a pedido do candidato, o secretário-geral da CNBB, D. Leonardo Steiner recebeu Fernando Haddad para um diálogo sobre o programa a ser executado por seu governo, se eleito Presidente da República.
Haddad e Rui Costa em Salvador / Ricardo Stuckert
A nota pública distribuída logo após o encontro aponta os “assuntos que preocupam os bispos do Brasil:
- a não legalização do aborto,
- a proteção do meio ambiente,
- atenção especial à questão indígena e quilombola,
- a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção”.
Menciona também
“o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, da mobilização pela superação da violência” (negritos no original).
Ou seja, dentre todo o leque de políticas de governo, foram esses os seis pontos destacados pela CNBB.
Eles
- devem funcionar como critério para os católicos decidirem seu voto,
- porque não se trata de expressões vagas como “defesa da família”, “segurança”, e “despolitização da educação”, mas de políticas públicas bem definidas.
O que a CNBB pede é
1. em primeiro lugar, o cumprimento da Constituição Brasileira de 1988.
Para o bem do Brasil, não se pode mudar os preceitos constitucionais que asseguram:
• o direito do feto humano à vida digna;
• a proteção do meio ambiente;
• o direito das comunidades indígenas e quilombolas ao seu território
• as instituições republicanas da democracia.
2. Em segundo lugar, a CNBB indica como critério para o voto, que sejam implementadas políticas públicas de
• combate rigoroso à corrupção e
• mobilização pela superação da violência.
Em entrevista à imprensa, Fernando Haddad declarou
- subscrever os seis pontos acima
- e ainda se comprometeu a reverter a proibição ao aumento de gastos com políticas sociais e a reforma trabalhista.
Pergunto se o outro candidato poderia – sem contrariar o que tem declarado até hoje – subscrever os mesmos compromissos. Tudo indica que não. Para ele, autoridades religiosas são os Pastores Edir Macedo, Silas Malafaia e Everaldo, que o batizou nas águas do Jordão em maio de 2016.
Aí têm, então, os cristãos, a referência da autoridade maior da Igreja Católica no Brasil a apontar critérios para a escolha do candidato.
Mais não é preciso acrescentar.
Pedro A. Ribeiro de Oliveira
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/583689-valores-cristaos-e-eleicao
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