ANDREA TORNIELLI – 19/09/2017
Foto: Francisco refunda o Instituto sobre matrimônio e família querido por Wojtyla
Com um motu proprio Francisco faz nascer o novo “Pontifício Instituto Teológico de João Paulo II”, ampliando o espectro de competências e atividades seguindo a trilha traçada pelo antecessor e com o olhar voltado para Amoris laetitia
Tradução: Orlando Almeida
O Papa Francisco com a carta apostólica em forma de motu proprio, datada de 8 de setembro de 2017 e divulgada em 19 de setembro, refunda o instituto de estudos sobre o casamento e a família querido por São João Paulo II, ampliando o seu campo de ação. O documento, intitulado Summa familiae cura, lembra que o Papa Wojtyla, depois do Sínodo dos bispos de 1980 e da exortação Familiaris Consortio de 1981, tinha dado forma estável ao “Instituto Pontifício João Paulo II para estudos sobre matrimônio e família”, que funciona junto à Universidade Lateranense.
Hoje, após os dois Sínodos celebrados em 2014 e 2015 dedicados à família, e após a publicação da exortação de Amoris laetitia, a Igreja chegou “a uma consciência renovada do evangelho da família e dos novos desafios pastorais aos quais a comunidade cristã é chamada a responder”.
“A centralidade da família nos caminhos da “conversão pastoral” das nossas comunidades e da “transformação missionária da Igreja” – escreve Francisco – exige que – mesmo em nível de formação acadêmica – na reflexão sobre o matrimônio e sobre a família, nunca faltem a perspectiva pastoral e a atenção às feridas da humanidade“.
O Papa Bergoglio reitera que “o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja” e que é “saudável prestar atenção à realidade concreta” da família, dada a “mudança antropológico-cultural, que hoje influencia todos os aspectos da vida e requer uma abordagem analítica e diversificada” e “não nos permite limitar-nos a práticas pastorais e missionárias que refletem formas e modelos do passado”.
“No límpido propósito de permanecer fiéis ao ensinamento de Cristo” – continua Francisco – “devemos portanto olhar com entendimento de amor e com sensato realismo, a realidade da família, hoje, em toda a sua complexidade, nas suas luzes e nas suas sombras. Por estas razões, julguei oportuno dar um novo ordenamento jurídico ao Instituto João Paulo II, para que a intuição clarividente de São João Paulo II, que quis intensamente esta instituição acadêmica, possa hoje ser ainda melhor reconhecida e apreciada na sua fecundidade e atualidade”.
O novo Instituto teológico para as Ciências do matrimônio e da família, sempre com o nome de João Paulo II, ampliará o seu campo de interesse, “tanto em termos das novas dimensões da pastoral e da missão eclesial, como em referência ao desenvolvimento das ciências humanas e da cultura antropológica num campo tão fundamental para a cultura da vida”.
O Papa Bergoglio ressalta que o novo Instituto deverá levar em conta a inspiração original que deu origem ao anterior, “contribuindo efetivamente para torná-lo plenamente correspondente às atuais necessidades da missão pastoral da Igreja”. Nos breves artigos, que deverão ser seguidos pelos novos estatutos, enfatiza-se a “relação especial do novo Instituto Teológico com o ministério e o magistério da Santa Sé”, que “será posteriormente valorizada pela relação privilegiada” que estabelecerá
- com a Congregação para a Educação Católica,
- com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida
- e com a Pontifícia Academia para a Vida.
Papa Francisco com jovens esposos – ANSA
E esclarece-se que o Instituto Teológico terá a “faculdade de conferir iure proprio aos seus alunos os seguintes graus acadêmicos:
- o Doutorado em Ciências sobre Matrimônio e Família;
- a Licenciatura em Ciências sobre Matrimônio e Família;
- o Diploma em Ciências sobre Matrimônio e Família”.
“Com esta decisão – explica ao Vatican Insider o arcebispo Vincenzo Paglia, Grão-Chanceler do Instituto – o Papa amplia a perspectiva:
- de uma focalizada apenas na teologia moral e sacramental,
- para uma bíblica, dogmática e histórica,
que leva em conta os desafios contemporâneos. Francisco compreendeu bem a tarefa histórica da família, tanto na Igreja como na sociedade. E a família não é um ideal abstrato, mas uma realidade majoritária da sociedade, que deve redescobrir a sua vocação na história“.
A referência à continuidade com o instituto anterior, “já de per si bloqueia o caminho – explica Paglia – a uma interpretação que queira atribuir negativamente este ato legítimo de refundação a um distanciamento da inspiração de João Paulo II”.
Finalmente, o Arcebispo ressalta que o Papa indicou os mesmos componentes do atual Instituto como “protagonistas responsáveis pela adequação e remodelação que serão necessárias para alcançar os objetivos da nova entidade”, e que portanto gozam da confiança do Pontífice.
Andrea Tornielli
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