Christopher Lamb – 23/02/17 | Foto: The Tablet
Tradução: Orlando Almeida
” Os bispos do Sudão do Sul acreditam que uma visita do Papa traria um momento de paz, da mesma forma que a viagem de Francisco à República Centro-Africana devastada pela guerra ajudou a aliviar as tensões antes das eleições do país.”
Mas uma visita do Papa requer normalmente um convite formal do chefe de Estado do país e não está claro se Salva Kiir está disposto a fazê-lo. Ele e Francisco encontraram-se em Uganda no final do ano passado.”
O Papa Francisco pediu um compromisso para uma intervenção prática no Sudão do Sul em seu discurso papal
Os bispos do Sudão do Sul disseram que o Papa Francisco espera visitar o país atingido pela fome e por conflitos no final deste ano, uma iniciativa que visa a expor a situação de intenso sofrimento que ali está ocorrendo.

Papa recebe bispos do Sudão e Sudão do Sul: a paz é prioridade – Rádio Vaticano
Em uma mensagem pastoral, dirigida em 23 de fevereiro ao país onde 100 mil pessoas estão enfrentando a fome, os bispos católicos e líderes diocesanos do Sudão do Sul pediram o fim da prolongada guerra civil que está devastando a sua nação.
“Com grande alegria queremos informar que o Santo Padre, o Papa Francisco, espera visitar o Sudão do Sul até ao fim deste ano” – escreveram eles. “Vocês já estão em suas orações, mas a sua vinda aqui seria um símbolo concreto da sua preocupação paternal e da sua solidariedade com o vosso sofrimento. Ele irá chamar a atenção do mundo para a situação aqui”.
Ontem (22 de fevereiro), o Papa pediu uma ajuda humanitária urgente para as pessoas que estão passando fome e tem se interessado de perto pela crise que o país atravessa.
Em outubro passado, ele teve um encontro com líderes da Igreja do Sudão do Sul, que instaram o Papa a enviar, junto com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, uma missão de paz conjunta ao país devastado pela guerra, tendo o encontro com Francisco acontecido no Vaticano depois que ele os chamou a Roma para ter informações mais atualizadas sobre a situação na pátria deles.
Salva Kiir e Rieck Machar, os chefes da discórdia no Sudão do Sul
Fonte: http://www.redpepper.co.ug/wp-content/uploads/2016/07/kiir-and-machar.jpg
A situação de carestia é a primeira a ser declarada desde 2011 na Somália, onde se calcula que mais de um quarto de milhão de pessoas morreram entre outubro de 2010 e abril de 2012.
As igrejas estão desempenhando um papel vital na oferta de ajuda de emergência às pessoas, ao mesmo tempo em que tentam mediar uma paz para pôr fim ao conflito iniciado em 2013.
Tendo-se tornado um Estado somente em 2011, o país foi dilacerado por embates inter-étnicos, com as forças governamentais lideradas pelo presidente Salva Kiir enfrentando os rebeldes leais a Riek Machar, um homem que Kiir rejeitou como seu vice em 2013.
Crianças do Sudão do Sul – in: http://www.combonianos.pt/imgs/bo/MDGSouthSudanchildren.jpg
Os bispos do Sudão do Sul acreditam que uma visita do Papa traria um momento de paz, da mesma forma que a viagem de Francisco à República Centro-Africana devastada pela guerra ajudou a aliviar as tensões antes das eleições do país.
Mas uma visita do Papa requer normalmente um convite formal do chefe de Estado do país e não está claro se Salva Kiir está disposto a fazê-lo. Ele e Francisco encontraram-se em Uganda no final do ano passado.
Na sua declaração, testemunhada pelo embaixador do papa no Quênia e no Sudão do Sul, os bispos dizem estar preocupados com “alguns elementos” do Governo considerados “suspeitos” pela Igreja, acrescentando que
- algumas igrejas foram incendiadas,
- sacerdotes e religiosos têm sido perseguidos
- e entretanto eles ainda estão “esperando por justiça” no caso da irmã Veronica [Rakova, médica] que foi assassinada em maio passado enquanto dirigia uma ambulância.
“A delegação ecumênica dos líderes da igreja, que visitou o Papa Francisco em Roma e o arcebispo Justin Welby em Londres, tem tentado obter um encontro com o presidente Salva Kiir desde dezembro de 2016, mas até agora sem sucesso”.
A declaração prossegue: “desejamos informar a todos vocês que a Igreja não é a favor ou contra ninguém, nem o Governo nem a oposição”.
Em vez disso, eles estão pedindo o fim dos assassinatos, dos estupros, das torturas, dos espancamentos e da destruição que estão ocorrendo e, ao mesmo tempo, pedindo o fim da guerra e da “crise humanitária”.
Christopher Lamb
http://www.thetablet.co.uk/news/6784/0/pope-francis-hopes-to-visit-south-sudan-say-country-s-bishops
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