Roberto Malvezzi (Gogó) – 08 dezembro 2022
No local, os jogadores da Seleção no Catar pagaram um prato avaliado em R$ 9 mil. Vinícius Jr, Éder Militão, Bremer, Gabriel Jesus além de Ronaldo Fenômeno, foram um dos nomes brasileiros a estarem no local/ Foto: Divulgação.
Deixemos os jogadores comerem seus bifes de ouro de nove mil reais. Eles têm talentos especiais, ganham muito dinheiro, o capital ganha em cima deles, portanto, se entendem.
- Mas, a fome é uma realidade de 33 milhões de brasileiros,
- que não é apenas apetite, mas a ausência dos nutrientes básicos para sustentar a vida de um ser vivo.
Foquemos no que é realmente necessário para superar a fome.
A geografia da fome é a geografia do poder.
- A fome é fruto de decisões de quem manda.
- Por isso, no ano de 2023, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB| retoma o tema da fome
- para fazer os cristãos pensarem e agirem conforme os paradigmas do Evangelho de Jesus de Nazaré.
Mas, nas Campanhas da Fraternidade, a Igreja fala para toda a sociedade, não só para os cristãos católicos.
A fome tem suas causas para existir.
* As primeiras são as estruturais, isto é, a concentração da terra e do crédito.
Um país escravocrata
- roubou as terras indígenas e, pela Lei de Terras de 1850, impediu que os negros tivessem acesso a elas,
- já que só poderia ter terras no Brasil quem as comprasse ou herdasse.
- Os negros não tinham de quem herdar e nem dinheiro para comprá-las.
Começa aí o racismo fundiário brasileiro.
Porém, índios e negros vão se aquilombar ou adentrar o interior brasileiro para sobreviver.
- E hoje essas são suas lutas para garantir seus territórios.
- O primeiro passo para a superação da fome é a garantia dos territórios, a reforma do crédito e a reforma agrária.
* Segundo,
- o agronegócio produz comodities para a Bolsa de Mercadoria,
- mas quem põe 70% dos alimentos na mesa brasileira é a agricultura familiar,
- que tem pouca terra e pouco crédito.
Então, o governo que vai chegar,
- pode melhorar o crédito,
- garantir o território das comunidades tradicionais,
- ampliar a área plantada de alimentos,
- ampliar a reforma agrária.
Assim atacará as questões estruturais da fome no Brasil.
* Ainda mais,
em regiões como a do Semiárido Brasileiro,
- são necessárias as tecnologias sociais de captação de água de chuva para beber e produzir
- e a implantação de todo o leque do Paradigma da Convivência com o Semiárido.
Onde essas tecnologias chegaram a fome a sede diminuíram. São as medidas infra-estruturais.
* Além dessas medidas estruturais
- são necessárias as medidas políticas e emergenciais.
- Recuperar o PNAE, PAA, o valor do salário-mínimo, a valorização do trabalho e dos empregos.
* Ainda mais,
- queremos alimentos sadios e não lixo alimentar.
- Precisamos de uma nova agricultura,
- agroecológica, regionalizada, sem veneno, respeitadora do ambiente no qual se insere.
Não precisamos de bifes de ouro, precisamos de alimentos sadios.
Por isso falamos em segurança e soberania alimentar e nutricional.
* Por fim, as medidas emergenciais.
- Um Bolsa Família que garanta a aquisição de alimentos (aprovado pelo Senado ontem),
- a merenda escolar, os restaurantes populares
- e tudo que for necessário para satisfazer as necessidades básicas das pessoas.
* Em último caso,
como diz o Evangelho: “dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,17).
Não precisamos dos bifes de ouro para resolver a fome, mas precisamos de decisões políticas sérias e consequentes para atacar esse mal pela raiz.
.
Roberto Malvezzi (Gogó)
Fonte: Enviado por e-mail pela ComissãoPastoral da Terra: comunicacaocpt@gmail.com>
Leave a Reply