ANDREA TORNIELLI, 14 setembro 2022
Foto: Francisco na assembleia do Cazaquistão / Vatican Media
“É hora de evitar a acentuação de rivalidades e o reforço de blocos contrapostos. Precisamos de líderes que, em nível internacional, permitam aos povos compreenderem-se e dialogarem, e gerem um novo «espírito de Helsinque», a vontade de reforçar o multilateralismo, de construir um mundo mais estável e pacífico pensando nas novas gerações.”.
O Papa Francisco
- pensa no futuro do mundo,
- não se rende à lógica tremenda e sem saída da escalada militar que ameaça destruir a humanidade
- e por isso continua a indicar caminhos concretos para a paz.
Caminhos que saiam das velhas lógicas das alianças militares, das colonizações econômicas, do poder avassalador dos grandes e dos fortes a nível internacional.
- seu sucessor Francisco pediu para renovar o espírito que em 1975 levou a passos concretos de diálogo entre Oriente e Ocidente.
Vinte e um anos atrás,
- o apelo do Papa Wojtyla – que poucos meses antes do atentado contra as Torres Gêmeas entrou descalço na mesquita dos Omayyadi em Damasco –
- era dirigido antes de tudo aos líderes religiosos.
Hoje, o do seu segundo sucessor,
- preocupado com a Terceira Guerra Mundial já não “em pedaços”,
Os Acordos de Helsinque, que viram a Santa Sé envolvida pela primeira vez em uma reunião deste tipo desde os tempos do Congresso de Viena, foram assinados por trinta e cinco Estados, incluindo os EUA, a URSS e praticamente todas as nações europeias.
Entre os princípios afirmados, estavam
- o respeito aos direitos de soberania,
- o não recurso ao uso da força,
- a resolução pacífica das controvérsias,
- a inviolabilidade das fronteiras e a integridade territorial dos Estados,
- o respeito aos direitos do homem e de suas liberdades, entre as quais a religiosa,
- a autodeterminação dos povos.
Um olhar para a história recente, com o gradual desvanecimento das tantas esperanças que haviam surgido após a implosão do sistema comunista soviético, faz compreender a contundente atualidade e também a audácia da perspectiva indicada pelo Sucessor de Pedro.
Um caminho que só pode passar pela compreensão, paciência e diálogo com todos. “Repito, com todos”, observou Francisco deliberadamente em seu discurso às autoridades e ao corpo diplomático na capital cazaque.
Palavras como “diálogo” e “negociação”,
- mais de seis meses após o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e após milhares de mortes de civis sob bombardeios russos,
- são recebidas com irritação e consideradas quase blasfemas
- por aqueles que pagam um alto preço na própria pele e na de seus entes queridos pelas consequências do conflito.
Mas a advertência do Papa, que falou da necessidade cada vez mais urgente de “ampliar o empenho diplomático a favor do diálogo e do encontro”,
- dirige-se em particular àqueles “quem mais poder detém no mundo”
- e, portanto, “maior responsabilidade tem para com os outros, especialmente com os países colocados em maior crise por lógicas conflituais”.
É um convite aos grandes do mundo a não olharem somente para “os interesses finalizados a vantagem própria”.
- É um convite a sair da lógica dos blocos
- para finalmente aplicar o que Francisco chamou de “esquemas de paz” e não mais os “esquemas de guerra”,
- filhos das velhas lógicas e da loucura da corrida armamentista.
É de se esperar- da parte de todos, que essas palavras sejam ouvidas.
.
ANDREA TORNIELLI
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2022-09/papa-francisco-viagem-cazaquistao-editorial.html
Leave a Reply