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Na última terça-feira, 11 de janeiro, um dia após o encontro com Riabkov, Sherman foi a Bruxelas para se preparar com seus parceiros da OTAN para o encontro com a Rússia que se realizaria no dia seguinte na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas.
Contou-lhes em particular como foi a reunião e informou-os sobre as posições de Moscou.
“A Rússia mostra 100% de rigidez em três pontos-chave de suas demandas delineadas nos rascunhos de tratados compartilhados em dezembro”,
começa o resumo de duas páginas da reunião.
Os dois primeiros pontos, que são categoricamente rejeitados,
- referem-se à renúncia a uma expansão da OTAN
- e ao retorno às fronteiras militares de 1997.
O terceiro, “quase impossível”,
- exige a garantia de que não haverá armas ofensivas nas proximidades do fronteira.
- Com esses três cartões, como na brisca, a delegação russa retornou à sede da Aliança, como Sherman esperava.
Na base das atuais demandas russas, para as quais o conflito na Ucrânia desempenha o papel de ponta de lança,
- está uma interpretação radicalmente diferente daquela feita da Carta de Paris, assinada em 1990,
- e do ato fundador de 1997 da OTAN-Rússia, órgão que se reuniu na quarta-feira passada.
A primeira, ainda assinada pela URSS,
- buscava fortalecer a democracia, os direitos humanos e o direito à autodeterminação dos Estados,
- algo que agora colide com a pretensão de Putin de retornar às “esferas de influência” da Guerra Fria,
- conforme denunciado pelo alto representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, e que também compareceu à reunião relatada por Sherman.
A diplomata norte-americana teria reiterado ao seu homólogo em Genebra que
“a Rússia não tem o direito de vetar o direito de outros Estados soberanos de chegarem aos seus próprios acordos de segurança ou esferas de influência”.
Em relação ao acordo de 1997, fontes ocidentais sublinham que
“o único compromisso foi não instalar mísseis nucleares nos novos aliados orientais e foi integralmente cumprido”.
As suspeitas de Sherman podem ter sido reforçadas na sexta-feira passada,
- quando o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov , enfatizou que Moscou “perdeu a paciência”.
- “Com boa vontade sempre é possível encontrar uma solução mutuamente aceitável”,
acrescentou, mas ressaltou que a Rússia está se preparando para qualquer evento.
Esta última opção é a que muitos ministérios das Relações Exteriores ocidentais já veem como a mais provável.
“Putin vai achar muito difícil não fazer nada agora. Ele percorreu um longo caminho”,
destacou uma fonte diplomática neste sábado.
E a partir daí começaria a implantação de “truques” com os quais encontrar desculpas para justificar a invasão temida, desde que os Estados Unidos divulgaram que Moscou havia estacionado cerca de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia.
A mesma fonte aponta que a ocupação
- não é o único cenário que o Ocidente contempla,
- há também ataques cibernéticos.
Foi exatamente isso que aconteceu na última sexta-feira.
- Várias páginas da web do governo ucraniano foram atacadas
- e a administração de Joseph Biden tem claro por onde começar a procurar o culpado:
- “Faz parte das ferramentas da Rússia”,
declarou neste domingo uma autoridade sênior do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
A autoridade americana
- não aponta inequivocamente para Moscou,
- mas lembra que já fez coisas semelhantes no passado
- e que faz parte de seu modus operandi .
A Ucrânia dá o passo, de acordo com a agência AFP, afirmando que tem “evidências” de que seu grande vizinho oriental está por trás do que aconteceu.
Na reunião de Sherman com seus aliados, também se falou em coordenar a comunicação por causa da “capacidade da Rússia para a desinformação”.
Isso levou o americano a pedir aos parceiros que lutassem nesse campo com “relatórios, telefonemas, coletivas de imprensa”, até mesmo “retweetando” uns aos outros e encenando uma grande unidade.
Horas antes, os Estados Unidos haviam divulgado um comunicado no qual relatavam pelo menos 100 tipos de contatos (reuniões, ligações) com seus aliados sobre a crise atual.

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