
Por Flávio Dieguez – 12/01/2022
Mais de 100 empresas em países emergentes podem produzir vacinas de RNA. Em seis meses, esses imunizantes conteriam o surto da covid, dizem pesquisadores. Mas as grandes empresas impedem essa solução por não ceder suas patentes
Achal Prabhala, um dos especialistas, disse ao site Democracy Now que,
- se a tecnologia de mRNA pudesse ser compartilhada com as empresas listadas,
- “poderíamos vacinar o mundo em até seis meses a partir de agora”.
A disparidade na distribuição de vacinas, apesar dos protestos quase consensuais no mundo, não vem caindo, lembrou a publicação Left Voice, dia 26/12/21, ao comentar o levantamento.
- “Atualmente”, escreveu Left Voice, “mais de 8,8 bilhões de doses de vacina foram administradas, mas 43% da população mundial ainda não recebeu uma única injeção.
- No Sul Global, apenas cerca de 8% da população recebeu uma única dose”.
Achal Prabhala afirma que essa situação é muito perigosa:
- significa que, com a ômicron, a desigualdade nas vacinas de repente se tornou mais séria.
- “Por quê? Porque todo mundo agora precisa de mais vacinas”, simples assim, diz ele.
“Nosso relatório é sobre vacinas de mRNA porque essa tecnologia é notável.
- Ainda não a entendemos completamente […].
- Ela não é baseada em biologia. Não precisa de células cultivadas.
- E isso significa que essas vacinas podem ser feitas mais rapidamente, com mais facilidade […] do que as vacinas que costumávamos usar antes de 2020”.
A busca da equipe de Achal procurou selecionar empresas que tivessem instalações e padrões de qualidade necessários para fabricar vacinas de mRNA.
“Descobrimos, para nosso espanto”,disse ele a Democracy Now,
- “que existem pelo menos 120 empresas […] que poderiam estar produzindo milhões de doses dessas vacinas,
- que, infelizmente, na situação em que estamos – em um precipício –
- é realmente a única maneira pela qual podemos levar mais bilhões de vacinas ao mundo nos próximos três a seis meses”.
É essencial observar que
- a parte técnica explica apenas um lado do sucesso das vacinas de mRNA:
- o aporte de recursos públicos foi um requisito essencial.
É o que mostrou em dezembro passado, o estudo “Vacinas de mRNA: um lance de sorte?”, publicado pelo instituto Bruegel, na Bélgica.
A pesquisa menciona, entre outras formas de financiamento das pesquisas,
- as verbas apropriadas do orçamento americano por meio do INH, Institutos Nacionais de Saúde.
- Cita como exemplo a Universidade da Pensilvânia, nos EUA,
- que tem participação destacada nas patentes associadas à tecnologia de mRNA utilizada pelas empresas Moderna e BioNTech.
As grandes farmacêuticas, portanto,
- têm obrigação de abrir mão de seus direitos de propriedade atendendo aos apelos de democratizar a distribuição e a produção de vacinas.
- Os próprios investidores defendem esse ponto de vista,
como se vê pelo processo movido pela ong Oxfam America, que é acionista da Moderna.
“Possuímos ações em todos os principais fabricantes de vacinas dos EUA”,
explicou a Democracy Now o advogado Robbie Silverman, da Oxfam.
“E monitoramos muito de perto”, continua ele,“os riscos que essas empresas enfrentam ao não se esforçar para vacinar o mundo igualitariamente”.
Ele diz que a Moderna não existiria sem o apoio do governo dos EUA.
- “Primeiro, a Moderna recebeu 2,5 bilhões de dólares em fundos dos contribuintes para pesquisa e desenvolvimento de sua receita de vacina.
- E os cientistas da Moderna cocriaram a vacina junto com cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde”.
O processo da Oxfam
- refere-se ao interesse do governo americano na distribuição do uso da tecnologia de mRNA,
- e acusa a Moderna de tentar impedi-lo de fazer isso.
Quando a Moderna apresentou seus pedidos de patente, conta Robbie, excluiu deliberadamente os cientistas do governo. E tentou esconder que contestou o governo dos EUA sobre quem realmente tinha criado a vacina.
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